Um vereador e um médico foram indiciados por corrupção ativa e passiva, além de agressão e desacato, após uma série de ocorrências dentro do Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca. O caso foi registrado no último dia 19.
As investigações apontam que o vereador levava pessoas ao hospital nos dias de plantão de um médico específico, que realizava atendimentos particulares dentro da unidade pública.
De acordo com a polícia, além de não passar por triagem, os pacientes não faziam ficha de entrada e não eram classificadas como casos emergenciais, contrariando os protocolos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Após a direção do hospital determinar à equipe da recepção e aos vigilantes que impedissem a entrada irregular de pacientes, o vereador teria tentado forçar a entrada na unidade hospitalar, sendo impedido por um vigilante.
O parlamentar ainda teria xingado e empurrado o servidor, além de causar tumulto ao exigir que as pessoas fossem atendidas sem os devidos trâmites legais. O médico também teria insistido para que o grupo fosse atendido.
Crime de corrupção
No inquérito, a Polícia Civil esclareceu que foi comprovada a prática reiterada dos atendimentos particulares dentro de hospital público, caracterizando crime de corrupção, uma vez que o médico favorecia interesses particulares em detrimento do interesse coletivo.
A investigação também considerou como agravante o fato de a conduta ter gerado prejuízo direto ao serviço público. O parlamentar foi acusado de corrupção ativa e passiva, desacato, injúria e difamação.
O delegado também destacou que o tumulto causado pelo vereador na recepção do hospital interrompeu o atendimento por quase duas horas, prejudicando o acesso de pessoas que realmente necessitavam de atendimento emergencial. A situação só foi controlada após a intervenção de um policial militar, que retirou o vereador da unidade.
A reportagem não conseguiu contato com as defesas do vereador e médico citados na matéria, e o espaço segue aberto para posicionamento.
O que diz o hospital
Em nota (veja abaixo), a direção do Hospital de Emergência do Agreste (HEA) infirmou que está ouvindo, administrativamente, as partes envolvidas na denúncia.
Atendimento Particular no Hospital de Emergência do Agreste
A Direção do Hospital de Emergência do Agreste (HEA), em Arapiraca, esclarece que a unidade é mantida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que nenhum atendimento ou procedimento é cobrado dos usuários. Sobre a denúncia de atendimento pago na unidade, ressalta que está acompanhando e contribuindo com a investigação da Polícia Civil de Alagoas (PC/AL).
Salienta que, paralelamente, também está ouvindo, administrativamente, as partes envolvidas na denúncia, além das testemunhas. Com relação a medidas administrativas quanto aos citados na denúncia, informa que serão adotadas após a conclusão do inquérito policial.