O regime da Venezuela informou nesta terça (14) que limitou o número de diplomatas credenciados nas embaixadas de França, Holanda e Itália para três. A medida é uma resposta ao que chamou de “conduta hostil” desses países em meio à crescente rejeição internacional à reeleição do ditador Nicolás Maduro.
Maduro foi empossado na última sexta-feira (10) para exercer um terceiro mandato consecutivo de seis anos após ser declarado vencedor das eleições de 28 de julho. A oposição as denuncia como fraudulentas e afirma que a vitória foi conquistada pelo opositor exilado Edmundo González Urrutia.
“Em resposta à conduta hostil” dos governos de Holanda, França e Itália, caracterizada pelo “apoio a grupos extremistas e interferência nos assuntos internos”, a Venezuela adotou a “decisão soberana de limitar o número de diplomatas credenciados em cada embaixada”, disse o ministro das Relações Exteriores, Yván Gil, em comunicado divulgado no aplicativo Telegram. A medida “deve ser cumprida em até 48 horas”, acrescentou.
Além disso, “os diplomatas devem ter autorização por escrito do Ministério das Relações Exteriores para se deslocar a mais de 40 quilômetros da Praça Bolívar [no centro] de Caracas, garantindo o estrito cumprimento de suas funções”, disse.
O Aeroporto Internacional Simón Bolívar, que atende a capital, fica a 23 km de distância da praça. Qualquer outra viagem para fora da capital exigirá uma autorização do regime. “A Venezuela exige respeito à soberania e à autodeterminação, especialmente daqueles subordinados às diretrizes de Washington“, afirmou o chanceler.
Ainda nesta terça, o ministro das Relações Exteriores holandês, Caspar Veldkamp afirmou, em comunicado à agência de notícias AFP, que “esta é uma escalada de Maduro que torna o diálogo ainda mais complicado“, acrescentando que “sem dúvida haverá uma resposta” a esta decisão.
O presidente francês, Emmanuel Macron, conversou na semana passada com a líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, e González, rival de Maduro que, segundo ele, venceu a eleição.
O presidente francês disse que “a vontade do povo venezuelano […] deve ser respeitada”, e depois fez um apelo, juntamente com o seu homólogo brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, à “retomada do diálogo” entre o regime e oposição.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, reconheceu González como “presidente eleito” da Venezuela. O opositor está exilado e disse, também na sexta, dia da posse de Maduro, que retornará ao país “no momento oportuno” para assumir o poder.
A União Europeia afirmou que o líder chavista “não tem legitimidade”. Também anunciou novas sanções contra “15 pessoas responsáveis por minar a democracia”.