As Forças Armadas da Ucrânia relataram 80 ataques russos na linha de frente nesta sexta-feira (9), quando está em curso um cessar-fogo de três dias proposto pelo presidente Vladimir Putin.
Enquanto isso, na Rússia, Putin comemora o aniversário de 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, quando a União Soviética derrotou a Alemanha nazista. O desfile militar conta com a presença de autoridades de 29 países, entre eles Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Xi Jinping, líder da China. A maioria das delegações tem líderes descritos pela imprensa europeia como ditadores e autocratas.
A trégua na guerra entre Rússia e Ucrânia foi proposta unilateralmente por Putin para acontecer de 8 a 10 de maio, datas que coincidem com os festejos. A Ucrânia recusou a proposta de trégua, classificando-a como uma farsa, e pediu em seu lugar um cessar-fogo de 30 dias.
Horas antes do início do cessar-fogo russo, os dois países trocaram ataques aéreos. Na Ucrânia, duas pessoas morreram; na Rússia, aeroportos em Moscou e outras cidades foram fechados devido à aproximação de drones.
A Rússia chegou a afirmar que caso a Ucrânia violasse a trégua, as Forças Armadas da Rússia dariam uma “resposta adequada e eficaz”. “Todas as ações militares estão suspensas durante este período. A Rússia acredita que o lado ucraniano deve seguir este exemplo.”
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, anunciou que neste sábado (10) o país sediará uma reunião da chamada “coalizão dos dispostos”, grupo liderado por França e Reino Unido e formado no início do ano.
A iniciativa surgiu diante da crescente percepção na Europa de que os Estados Unidos deixaram de ser um apoio confiável à Ucrânia em sua guerra contra a invasão russa, que já dura três anos. “Precisamos dessa coalizão, e ela deve ser forte o suficiente para garantir a segurança em linha com nossa visão comum”, disse Zelenski em discurso em vídeo publicado por seu gabinete em Kiev.
O presidente americano, Donald Trump, e Putin têm uma relação amistosa. Eles trocaram cumprimentos por meio de assessores durante as celebrações do 80º aniversário do fim da guerra, afirmou o Kremlin. “Foram palavras calorosas, felicitações mútuas por nossa grande celebração comum”, disse Yuri Ushakov, assessor de política externa de Putin, ao Canal 1 da TV estatal.
A Ucrânia busca garantias concretas para se proteger de futuras ofensivas russas, e os integrantes da coalizão discutem a possibilidade de enviar um contingente estrangeiro limitado ao país como parte dessas medidas.
Zelenski afirmou ter dito ao presidente americano, Donald Trump, por telefone, que uma trégua de 30 dias seria um sinal real de avanço rumo à paz e que Kiev está pronta para adotá-la.
A medida foi inicialmente proposta por Trump em março e aceita pela Ucrânia, enquanto a Rússia condicionou sua aplicação à criação de mecanismos confiáveis de monitoramento.
Não foi informado quais líderes estarão presentes no encontro, mas o novo chanceler alemão, Friedrich Merz, declarou nesta semana que pretende visitar a Ucrânia em breve.
A Rússia inaugurou um busto de Joseph Stalin em Melitopol, cidade ucraniana ocupada na região de Zaporíjia, para marcar os 80 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazista. A homenagem, organizada pelo Partido Comunista pró-Kremlin, ocorre em meio à reabilitação da imagem de Stalin promovida por Putin.