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Túnel secreto em sinagoga de Nova York leva a 9 prisões – 10/01/2024 – Mundo

Uma briga de décadas sobre a direção de um dos grupos judaicos hassídicos mais proeminentes de Nova York se transformou em caos quando uma parcela do grupo entrou em confronto com a polícia local por causa de um túnel que havia sido secretamente construído até a sinagoga principal do movimento, um dos locais religiosos mais significativos da cidade americana.

O túnel, uma passagem entre a sede do grupo, o movimento Chabad-Lubavitcher, e pelo menos uma propriedade adjacente, foi descoberto no final do ano passado. Na última segunda-feira (8), um caminhão de cimento foi levado para preenchê-lo, mas alguns judeus hassídicos tentaram impedir a ação e preservá-lo.

A polícia foi chamada, e os agentes disseram que encontraram um grupo de homens quebrando uma parede do espaço de oração que levava ao túnel. Após um confronto, nove pessoas foram presas.

Motti Seligson, porta-voz dos Lubavitchers, descreveu aqueles que haviam criado o túnel como um grupo de “estudantes extremistas”. “Isso é, obviamente, angustiante para o movimento Lubavitch e para a comunidade judaica em todo o mundo”, disse ele.

O conflito ocorreu na altura do número 770 da Eastern Parkway, no Brooklyn, onde fica a sede global do movimento. O local é apelidado simplesmente de “o 770”. Ainda não se sabe exatamente quem construiu o túnel, como eles fizeram isso ou o que esperavam alcançar.

Mas dois homens que disseram ter conversado com alguns daqueles que quebraram a parede da sinagoga disseram que o motivo era acelerar a expansão da sinagoga, uma medida que eles dizem que o líder do movimento Lubavitcher, o rabino Menachem Mendel Schneerson, conhecido como o “rebbe”, pediu há mais de três décadas.

A expansão desejada faz parte de um conflito sobre o futuro do movimento que remonta há pelo menos 30 anos. O grupo hassídico tem lidado com uma disputa interna desde a morte do rebbe em 1994. Nenhum sucessor foi nomeado desde então.

A liderança informal dos Lubavitchers está comprometida em cumprir os ensinamentos e a visão do rebbe. Mas uma facção menor dentro do movimento afirma que o rebbe é, na verdade, o Messias, e alguns desse grupo acreditam que ele nunca morreu de fato. Disputas legais sobre o papel do 770, incluindo se uma placa em um prédio adjacente poderia se referir ao rebbe como falecido, arrastam-se há anos.

Membros da comunidade hassídica indicaram que um grupo de estudantes messiânicos provavelmente foi responsável pela construção do túnel, que eles acreditam ser uma forma de respeitar o rebbe Lubavitcher, a quem se referem no presente. “Eles fizeram isso para expandir o 770 e torná-lo maior”, disse um homem que se identificou como Zalmy Grossman e disse conhecer alguns dos presos. “Eles vieram para cumprir os desejos do rebbe.”

Omri Rahamim Bahar, 22, estuda no 770 desde que chegou a Nova York vindo de Israel há quatro anos. Ele disse que outros membros da comunidade ficaram frustrados com a inação dos líderes em expandir o prédio para lidar com a lotação durante os cultos. Então, alguns começaram a tomar medidas por conta própria, em parte criando um túnel de um prédio adjacente que leva à parede do santuário.

Após a chegada do caminhão de cimento na última segunda-feira, alguns dos homens decidiram invadir o santuário de dentro do túnel. Um vídeo mostrou pelo menos um homem emergindo do túnel coberto de poeira, sob aplausos dos apoiadores.

“Claro que é difícil e não é bom ver a parede principal do santuário com um buraco, mas sei que não há outra maneira”, disse Bahar.

Vídeos feitos na segunda-feira de dentro do prédio mostraram cenas tumultuadas, com a maioria dos jovens judeus hassídicos sentados no túnel, aparentemente tentando impedir que ele fosse preenchido.

Vídeos e fotos também mostraram alguns homens arrancando painéis de madeira das paredes e grupos usando bancos grandes para impedir a polícia de intervir e, depois, entrando em confronto com os policiais, antes que um policial parecesse usar algum tipo de spray para dispersar a multidão.

A notícia do caos se espalhou rapidamente nas redes sociais e se transformou em uma proliferação de postagens antissemitas nas redes sociais, em particular no X.

Um porta-voz do Departamento de Edifícios da cidade disse que os inspetores ainda estavam no local em 770 na terça-feira (9) à noite e estavam investigando a integridade estrutural do prédio após os danos.

Fonte: Folha de São Paulo

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