O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, repreendeu o líder ucraniano Volodimir Zelenski nesta quarta-feira (23) por dizer que a Ucrânia não reconheceria a ocupação russa da Crimeia, o que o republicano chamou de uma declaração inflamatória que tornará mais difícil alcançar um acordo de paz com a Rússia, que invadiu o vizinho em 2022.
“Esta declaração é muito prejudicial às negociações de paz com a Rússia”, disse Trump em uma publicação nas redes sociais. Para o republicano, a Crimeia foi perdida há anos “e nem sequer é um ponto de discussão”.
Zelenski reiterou na terça-feira (22) que a Ucrânia não aceitará que a Rússia tenha o controle legal da península, anexada em 2014. “Não há nada para discutir aqui. Isso é contra nossa Constituição.”
“Ninguém está pedindo a Zelenski que reconheça a Crimeia como território russo, mas, se ele quer a Crimeia, por que não lutaram por ela 11 anos atrás quando foi entregue à Rússia sem um tiro disparado?”, escreveu Trump no Truth Social.
“São declarações inflamatórias como as de Zelenski que tornam tão difícil resolver esta guerra. Ele não tem nada do que se gabar!”, disse Trump, retomando o tom que usou no bate-boca entre os dois líderes no Salão Oval, em fevereiro, que à época resultou em um esfriamento dos diálogos pelo fim do conflito.
De acordo com o republicano, Zelenski pode escolher entre “ter a paz ou lutar por mais três anos antes de perder o país inteiro”. “Não tenho nada a ver com a Rússia, mas tenho muito a ver com querer salvar, em média, 5.000 soldados russos e ucranianos por semana, que estão morrendo por nenhuma razão.”
Incluindo a Crimeia, hoje a Rússia controla cerca de 20% do leste do território ucraniano, que inclui porções das regiões de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia.
Mais cedo, em viagem à Índia, o vice de Trump, J. D. Vance, reforçou a posição dos EUA ao dizer que Washington abandonaria as negociações caso Kiev e Moscou não se entendessem sobre os termos de um cessar-fogo. Vance afirmou que a Casa Branca fez uma “proposta muito explícita” que envolve “troca de territórios” dos países em conflito, e, se estes não estiverem de acordo, os EUA vão “se retirar deste processo”.
“Este é o momento, acredito, de dar, se não o passo final, um dos passos finais, que é, em um nível mais amplo, dizer que vamos parar com as mortes, que vamos congelar as linhas territoriais em algum nível próximo de onde elas estão hoje”, afirmou Vance.
“Agora, é claro, isso significa que ucranianos e russos terão que renunciar a uma parte do território que possuem atualmente”, declarou.
Segundo o jornal Financial Times, Putin teria proposto uma trégua em troca de ter a posse da Crimeia com reconhecimento dos EUA.
Durante sua campanha presidencial, Trump prometeu chegar a um acordo de paz entre Moscou e Kiev em 24 horas, mas não conseguiu obter concessões de Putin.
