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Trump decide entre diplomacia e ataque militar contra Irã – 17/06/2025 – Mundo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta uma decisão crucial no atual conflito entre Israel e Irã: se deve ou não entrar na guerra para ajudar o Estado judeu a destruir a instalação de enriquecimento nuclear de Fordow, profundamente enterrada, que só pode ser atingida pela maior “bomba de destruição de bunkers” dos americanos, lançada por bombardeiros B-2.

Se optar por seguir em frente, os EUA se tornarão participantes diretos de um novo conflito no Oriente Médio, enfrentando o Irã em uma guerra que Trump jurou evitar durante suas campanhas. Funcionários iranianos alertaram que a participação americana em um ataque às suas instalações destruirá qualquer chance restante de um acordo de desarmamento nuclear, algo que o presidente republicano afirma ainda querer buscar.

Em determinado momento, Trump orientou seu enviado ao Oriente Médio, Steve Witkoff, e possivelmente o vice-presidente J. D. Vance, a se oferecerem para se reunir com os iranianos, segundo um funcionário dos EUA. No entanto, na segunda-feira (16), Trump publicou nas redes sociais que “todos devem deixar o Teerã imediatamente”, um sinal desfavorável ao progresso diplomático. Trump também disse: “Acho que o Irã está basicamente na mesa de negociações, eles querem fazer um acordo.”

A urgência parecia estar aumentando. A Casa Branca anunciou na segunda que Trump deixaria a cúpula do G7 mais cedo por causa da situação no Oriente Médio. “Assim que eu sair daqui, vamos fazer algo”, disse o presidente. “Mas eu preciso sair daqui.” O que ele pretendia fazer ainda não estava claro.

Se Vance e Witkoff se encontrarem com os iranianos, o interlocutor iraniano provável seria o ministro das Relações Exteriores do país, Abbas Araghchi, que desempenhou papel fundamental no acordo nuclear de 2015 com o governo do ex-presidente democrata Barack Obama e conhece todos os elementos do complexo nuclear do Irã.

Araghchi, que tem sido contraparte de Witkoff nas negociações recentes, sinalizou sua disposição para um acordo na segunda, dizendo em comunicado: “Se o presidente Trump for genuíno sobre diplomacia e interessado em parar essa guerra, os próximos passos são cruciais.”

“Uma ligação de Washington é suficiente para calar alguém como Netanyahu”, disse ele, referindo-se ao primeiro-ministro israelense. “Isso pode abrir caminho para o retorno à diplomacia.”

Mas, se esse esforço diplomático fracassar, ou se os iranianos continuarem a se recusar a ceder à exigência central de Trump de que devem acabar com todo o enriquecimento de urânio em solo iraniano, o presidente ainda terá a opção de ordenar que Fordow e outras instalações nucleares sejam destruídas.

Segundo os especialistas, existe apenas uma arma capaz de realizar o trabalho: Massive Ordnance Penetrator ou GBU-57. Pesa tanto — 30 mil libras (aproximadamente 13.600 kg)— que só pode ser levantada por um bombardeiro B-2. Israel não possui nem a arma nem o bombardeiro necessário para lançá-la e alcançar o alvo.

Se Trump recuar, isso pode significar que o principal objetivo de Israel na guerra nunca será cumprido.

“Fordow sempre foi o cerne disso”, disse Brett McGurk, que trabalhou com questões do Oriente Médio para quatro presidentes consecutivos dos EUA, de George W. Bush a Joe Biden. “Se isso acabar com Fordow ainda enriquecendo urânio, então não será um ganho estratégico.”

Isso é verdade há muito tempo. Nos últimos dois anos, o Exército dos EUA refinou a operação, sob estreita supervisão da Casa Branca. Os exercícios levaram à conclusão de que uma única bomba não resolveria o problema; qualquer ataque a Fordow teria que ser realizado em ondas, com B-2s lançando uma bomba após a outra no mesmo buraco. E a operação teria que ser executada por um piloto e tripulação americanos.

Isso estava tudo no campo do planejamento de guerra até os primeiros disparos na manhã de sexta-feira (13), em Teerã, capital do Irã, quando Binyamin Netanyahu ordenou os ataques, declarando que Israel havia descoberto uma “ameaça iminente” que exigia “ação preventiva”. Novas informações de inteligência, sugeriu ele, sem detalhar, indicavam que o Irã estava prestes a transformar seu estoque de combustível em armas.

Funcionários de inteligência dos EUA, que acompanham o programa do Irã há anos, concordam que cientistas iranianos e especialistas nucleares têm trabalhado para encurtar o tempo necessário para fabricar uma bomba nuclear, mas não viram grandes avanços.

No entanto, eles concordam com McGurk e outros especialistas em um ponto: se a instalação de Fordow sobreviver ao conflito, o Irã manterá o equipamento essencial necessário para seguir no caminho da bomba, mesmo que tenha que reconstruir grande parte da infraestrutura nuclear que Israel deixou em ruínas durante quatro dias de bombardeios de precisão.

Netanyahu tem pressionado os EUA para disponibilizarem suas bombas de destruição de bunkers desde o governo Bush, sem sucesso até agora. Mas pessoas que falaram com Trump nos últimos meses dizem que o tema surgiu repetidamente em suas conversas com o premiê. Quando Trump é questionado sobre isso, ele geralmente evita uma resposta direta.

Agora a pressão aumentou. O ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant, que renunciou após um desentendimento com Netanyahu, disse à CNN na segunda (16) que “o trabalho tem que ser feito, por Israel, pelos Estados Unidos”, uma referência aparente ao fato de que a bomba teria que ser lançada por um piloto americano em um avião dos EUA. Ele disse que Trump tem “a opção de mudar o Oriente Médio e influenciar o mundo”.

Os republicanos estão divididos sobre o uso de uma das armas mais poderosas do Pentágono para ajudar um aliado dos EUA. A discussão vai além de paralisar as centrífugas de Fordow, refletindo a visão do Maga (slogan da campanha de Trump que significa “Faça a América Grande Novamente”) sobre evitar guerras externas a todo custo.

A ala anti-intervencionista do partido, dada sua voz mais proeminente pelo influente podcaster Tucker Carlson, argumentou que a lição do Iraque e do Afeganistão é que não há nada além de riscos negativos em se envolver profundamente em outra guerra no Oriente Médio. Na sexta , Carlson escreveu que os EUA deveriam “abandonar Israel” e “deixar que eles lutem suas próprias guerras.”

Por enquanto, Trump mantém uma posição ambígua, tentando diplomacia coercitiva ao usar a ameaça da GBU-57 para convencer os apoiadores do Maga de que busca um fim pacífico para o conflito, enquanto avisa os iranianos sobre a cessação do enriquecimento de urânio, seja por meio de um acordo ou pela força.

Mas, se a combinação de persuasão e coerção falhar, ele terá que decidir se esta é a guerra de Israel ou dos EUA.

Fonte: Folha de São Paulo

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