O primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, instou seus compatriotas a assumirem “responsabilidade permanente” pelo extermínio de 6 milhões de judeus no Holocausto nesta quinta-feira (23).
Cada alemão tem o dever de lembrar o que houve no país durante o regime de Adolf Hitler, “independentemente de história familiar, religião ou local de nascimento de pais e avós”, disse Scholz em Berlim, em um evento que marcava os 80 anos da liberação do campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, completados na próxima segunda-feira (27).
“Não devemos nem aceitaremos qualquer relativização” do Holocausto, afirmou, acrescentando que a lembrança do extermínio deve ser constante em “escolas e universidades, formações profissionais, cursos de integração [para migrantes que desejam se instalar no país] e na vida cotidiana”. Desde 2023, pessoas suspeitas de antissemitismo não pode obter cidadania alemã.
“O antissemitismo e, de forma mais ampla, a hostilidade contra uma crença particular, convicções políticas ou uma identidade sexual; o ódio aberto contra as mulheres, contra as pessoas que não têm a cor ou o nome certo; os ataques contra as pessoas com deficiência. Tudo isso está aumentando”, prosseguiu Scholz, que pode deixar o governo no final de fevereiro, quando ocorrem novas eleições legislativas.
“Nossa responsabilidade, 80 anos depois, também é resistir a esse ódio”, completou ele.
Para além da efeméride que motivou o evento desta quinta, as declarações de Scholz ganharam força devido às críticas a um gesto feito por Elon Musk na segunda-feira (20), durante a posse do presidente Donald Trump, nos Estados Unidos.
Na ocasião, ele levantou o braço esticado diversas vezes, em uma ação que alguns acusaram de ser uma saudação nazista. Musk nega a associação, e diz que o movimento era a tradução corporal do que ele falava ao público naquele momento, “meu coração está com vocês”.
Na quarta (22), ativistas dos grupos Center for Political Beauty e Led by Dunkeys projetaram uma imagem do bilionário com o braço levantado no exterior de uma fábrica da Tesla, marca de automóveis do bilionário, próxima a Berlim. A projeção da palavra “heil” ao lado logotipo da montadora formava a mensagem “Heil Tesla”, alusão às palavras de ordem nazistas “Heil Hitler”, ou salve Hitler.
Musk já foi chamado de antissemita em outras ocasiões, e chegou a realizar uma visita privada ao campo de Auschwitz-Birkenau em janeiro do ano passado, depois que a rede social de que ele é dono, X, foi deixada por anunciantes em razão do endosso do bilionário a comentários antissemitas de usuários.
Mais recentemente, Musk usou seu alcance na internet para promover a líder do partido de extrema direita AfD (Alternativa para a Alemanha), Alice Weidel. O empresário recebeu a candidata a primeira-ministra em um programa ao vivo no início de janeiro, em mais um passo de sua ofensiva contra políticos e governos europeus de centro e centro-esquerda.