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Rússia processa repórter da CNN que foi a área ocupada – 22/08/2024 – Mundo

O FSB (Serviço Federal de Segurança) da Rússia abriu nesta quinta (22) um processo criminal contra jornalistas que produziram reportagens em áreas ocupadas pelos ucranianos no sul do país de Vladimir Putin.

Entre eles está o correspondente-chefe da rede americana CNN para assuntos de segurança internacional, o britânico Nick Paton Walsh, uma das estrelas do canal. Os outros dois são as ucranianas Olesia Borovik e Diana Butsko, do site de notícias Hromadske.

A acusação russa é de que os profissionais cruzaram ilegalmente a fronteira, sem visto para tanto, com o agravante de terem acompanhado forças inimigas. Os três enviaram imagens da região de Sudja, cidade estratégica ocupada na região de Kursk, na semana passada.

A pena máxima que podem pegar na Rússia é de cinco anos de cadeia, e o FSB disse que faria um pedido de captura internacional dos repórteres, o que será inócuo na prática.

Na semana passada, o órgão havia aberto outro caso criminal contra a correspondente Stefania Battistini e o cinegrafista Simone Traini, da rede estatal RAI, que também enviaram reportagens de Sudja. O embaixador da Itália em Moscou foi chamado à chancelaria russa para ouvir queixas formais.

Em coberturas de guerra, é inevitável que jornalistas estejam fisicamente de um dos lados da frente de batalha. Assim, é comum que repórteres acompanhem soldados em incursões para reportar os fatos, ainda que possa haver censura militar sobre o material que é enviado —seja para evitar má propaganda, seja para ocultar posições do inimigo.

A invasão da Ucrânia em 2022 acelerou o processo de repressão ao jornalismo na Rússia. A mídia independente essencialmente deixou de existir, dadas as leis draconianas sobre o que pode ser publicado, e opera na internet a partir de outros países.

Jornalistas têm sido presos com mais frequência, e houve um caso de enorme repercussão quando o americano Evan Gerchkovitch, do Wall Street Journal, passou mais de um ano na cadeia e foi condenado por espionagem enquanto apurava uma reportagem. Ele acabou solto em uma troca de prisioneiros.

UCRÂNIA ATACA OUTRA REGIÃO

A operação de Kursk é um tema altamente delicado para o governo de Putin, que construiu sua carreira sobre a ideia de reposicionar a Rússia como uma grande potência. A invasão é a primeira do tipo desde 1941, quando a Alemanha nazista atacou a União Soviética.

Nesta quinta, em reunião do presidente russo com governadores das áreas afetadas e outras autoridades, o Ministério da Defesa disse que os ucranianos tentaram fazer uma segunda incursão, agora contra a região de Briansk, vizinha de Kursk.

Segundo Moscou e relato de observadores independentes, a ação foi frustrada. Por ora, operação em Kursk parece focada em reforçar posições e isolar cerca de 3.000 soldados russos que estão em um bolsão a oeste da área ocupada e ao sul do rio que teve suas pontes explodidas por Kiev. Um ataque a Briansk poderia cercar ainda mais esses soldados.

A ação foi próxima da tríplice fronteira entre Ucrânia, Rússia e Belarus, gerando alarme no país aliado de Putin. O ditador Aleksandr Lukachenko anunciou ter enviado reforços para a fronteira e disse que está pronto para entrar na guerra se seu país for invadido, mas Kiev diz não ter notado movimentações expressivas das forças rivais.

Até aqui, a invasão de Kursk forçou a saída de 133 mil moradores de suas casas. Putin também disse ter informado a Agência Internacional de Energia Atômica que os ucranianos tentaram atingir com drones a usina nuclear de Kursk, que fica ao norte da região em conflito. Kiev nega a acusação.

Em território ucraniano, a ofensiva russa para tentar tomar o restante da região de Donetsk segue com força, com mais uma cidade conquistada nesta quarta. O esforço das forças de Volodimir Zelenski em Kursk enfraqueceu as defesas naquela parte da frente, que corre o risco de colapso agora.

Fonte: Folha de São Paulo

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