Rússia e Ucrânia trocaram acusações sobre a explosão de uma estação de bombeamento de gás russa nesta sexta-feira (21). O incidente ocorreu em uma área de fronteira de onde as tropas ucranianas têm se retirado e em meio a discussões sobre uma proposta de cessar-fogo parcial apoiada pelos Estados Unidos.
Imagens de vídeo mostraram um incêndio na instalação de Sudja, na Rússia, a apenas algumas centenas de metros da fronteira com a Ucrânia. A estação de gás fica dentro de um bolsão de território russo que havia sido capturado pelas forças de Kiev no ano passado, mas que Moscou recuperou em grande parte em intensos combates recentes. As tropas russas expulsaram os soldados de Kiev da cidade vizinha de Sudja na semana passada.
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que as tropas ucranianas abandonaram a estação de bombeamento e a explodiram durante a retirada. Moscou considerou uma violação de um acordo sobre ataques à infraestrutura energética, que, segundo o país, foi definido após ligação entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o dos EUA, Donald Trump, na terça-feira (18).
Kiev disse que as próprias forças russas haviam explodido a instalação como uma provocação, descrevendo como falsas as acusações da Rússia.
Durante a conversa com o americano, Putin rejeitou uma proposta de cessar-fogo mais abrangente de 30 dias. Kiev diz estar preparada para aceitar a proposta se formalizada em negociações.
O Comitê de Investigação da Rússia, responsável pela investigação de crimes graves, anunciou a abertura de um processo criminal sobre o que classificou de um “ato de terrorismo”, que causou “danos significativos” à instalação de transporte de gás, que anteriormente fornecia gás russo para a Europa.
A Ucrânia rebateu. Andrii Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, afirmou que “as tentativas russas de enganar a todos e fingir que estão adotando o cessar-fogo não terão sucesso, assim como a falsa notícia sobre os ataques à estação de gás”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que a ideia de que a Rússia destruiria sua própria infraestrutura energética era absurda.
A agência de notícias Reuters não pôde verificar independentemente os relatos ou a causa da explosão.
Peskov disse mais cedo que a ordem de Putin para as forças russas interromperem temporariamente os ataques à infraestrutura energética na Ucrânia permanecia em vigor. Segundo ele, a explosão de Sudja mostrou que Kiev não podia ser confiável para cumprir sua palavra.
Nesta sexta, uma nova explosão atingiu um depósito de petróleo na região sul de Krasnodar, na Rússia. Os bombeiros estavam tentando extinguir um incêndio que havia começado na terça, após um ataque de drone ucraniano, que ocorreu poucas horas depois da conversa entre Putin e Trump.
“Durante o processo de extinção, devido à despressurização do tanque em chamas, houve uma explosão de produtos de petróleo e liberação de óleo em chamas”, disseram as autoridades regionais russas no aplicativo de mensagens Telegram.
O fogo se espalhou para outro tanque, e a área do incêndio aumentou para 10 mil metros quadrados, mais que o dobro do tamanho original do incêndio. Mais de 450 bombeiros estavam tentando controlá-lo. Dois deles se feriram.
A Rússia tem bombardeado a rede energética da Ucrânia ao longo da guerra, causando apagões frequentes que afetam civis e a indústria, argumentando que a infraestrutura civil é um alvo legítimo porque ajuda o esforço de guerra da Ucrânia.
Mais recentemente, Kiev também tem lançado ataques contra alvos de petróleo e gás russos, que dizem fornecer combustível para as forças de Moscou na Ucrânia e financiar o Exército russo.