Especialista da ONU para direitos humanos na Rússia, Mariana Katzarova afirmou segunda-feira (11) que a morte de Alexei Navalni é responsabilidade do Kremlin, uma vez que o opositor de Vladimir Putin foi ou morto na prisão, ou em condições de detenção que equivalem à tortura.
“Portanto, o governo russo é responsável, de uma forma ou de outra, por sua morte”, disse ela às margens de um um evento sobre prisioneiros políticos russos na sede da ONU em Genebra.
A narrativa oficial sobre a morte de Navalni é de que ele veio a óbito por motivos naturais, perdendo a consciência após “sentir-se mal durante uma caminhada”. Ele estava preso em uma cadeia na remota região de Iamalo-Nenets, no Ártico, e cumpria 30 anos de pena por condenações diversas.
Katzarova alertou que outros detentos na Rússia poderiam sofrer o mesmo destino que Navalni, dizendo-se “muito preocupada” com a situação do ativista pelos direitos humanos Vladimir Kara-Murza, condenado a 25 anos de prisão no ano passado —até então, ele era uma das poucas vozes críticas ao Kremlin que ainda não estava detido ou exilado.
“Não há um dia sequer em que eu não me pergunte: quem será o próximo Navalni?”, afirmou ela. “E não há dúvidas de que haverá um próximo Navalni com esse nível de repressão.”
O Kremlin considera Navalni e seus apoiadores contraventores usados pelo Ocidente para desestabilizar a Rússia. O governo nega as acusações feitas pela esposa de Navalni, Iulia Navalnaia, de que foi o próprio Putin que mandou matá-lo.
Navalnaia disse na semana passada que a escala de apoio público a Navalni desde sua morte era prova de que sua causa continuava viva, e pediu um protesto massivo contra Putin durante as eleições presidenciais deste ano, marcadas para este domingo (17).
