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Reitor de Harvard diz querer mais diversidade ideológica – 06/05/2025 – Mundo

O reitor da Universidade Harvard, Alan Garber, disse em entrevista ao jornal The Wall Street Journal que concorda parcialmente com o diagnóstico feito pela administração de Donald Trump sobre o ensino superior de elite nos Estados Unidos, mas discorda dos métodos adotados pelo republicano.

Sob o argumento de que as instituições não são ideologicamente diversas e acusando-as de permitir a disseminação do antissemitismo, o governo tem anunciado congelamentos ou cortes de bilhões de dólares em financiamentos federais.

“Não é que o objetivo, por exemplo, de aumentar a diversidade ideológica no campus seja algo com o qual eu discorde. A questão está nos meios para alcançá-lo”, disse Garber a Emma Tucker, editora-chefe do WSJ. Harvard, uma das universidades mais prestigiadas dos EUA, tem liderado a resistência aos ataques de Trump contra o ensino superior.

“Temos problemas reais que devemos enfrentar. Um deles é a percepção da falta de diversidade ideológica no nosso corpo docente e entre nossos estudantes. Há evidências recentes que me fazem pensar que talvez isso seja um pouco exagerado, mas existe a percepção de que somos uma instituição quase totalmente de esquerda”, disse.

O reitor afirma que as políticas de contratação de professores e concessão de estabilidade não são influenciadas pelo posicionamento político dos profissionais. Ele avalia que a universidade pode de fato não ter tantos conservadores quanto deveria, mas ressalta que parte da percepção da pouca diversidade ideológica pode partir do desconforto das pessoas ao expressar discordâncias.

“Parte do que precisamos fazer é garantir que, em sala de aula e em outros contextos, promovamos a ideia de que não importa quais sejam suas opiniões pessoais —é necessário ensinar de forma justa em relação a múltiplos pontos de vista.”

Ele questiona, porém, as exigências do governo federal de examinar todos os registros de admissão da universidade e interferir nas contratações de professores, considerados pelo governo Trump como sendo “mais comprometidos com o ativismo do que com o conhecimento”, como dito pelo Departamento de Educação em carta enviada a Harvard no dia 11 de abril.

No documento, o órgão americano também exigia que a instituição eliminasse até agosto qualquer política afirmativa que promova diversidade racial e de nacionalidade na seleção de estudantes, além de pedir que Harvard denuncie às autoridades federais de imigração os alunos estrangeiros que desrespeitam regras de conduta.

Durante a entrevista, Garber destacou que o financiamento federal é investido em pesquisas por meio de bolsas —exatamente a área que teve seus recursos congelados por Trump nesta segunda-feira (5)— e contratos.

“Há acordos que obrigam a universidade a realizar trabalhos que o governo federal aprovou para promover os interesses nacionais, como na ciência quântica, que agora é uma área estratégica para o país, especialmente na competição com a China. […] Somos pagos para fazer esse trabalho e temos prazer em realizá-lo, mas nunca devemos pensar nisso como um presente, porque há muitas condições envolvidas.”

Questionado sobre diferenças em Harvard em relação à época que se formou (1976), Garber diz notar que hoje os alunos têm mais dificuldade de conversar sobre temas delicados, o que ele avalia como uma grande perda e um fator que preocupa a instituição.

A reportagem mostra que, na semana passada, a universidade divulgou os resultados de duas forças-tarefas que concluíram que tanto o antissemitismo quanto a islamofobia são generalizados no campus, de modo que alunos de ambos os lados se sentem inseguros e silenciados.

Fonte: Folha de São Paulo

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