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Professor judeu vai processar estudantes que o acusaram de “nazista”

Após ser hostilizado e acusado de “nazista” por alunos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) durante a realização de uma palestra sobre empreendedorismo em Israel, na última quinta-feira (10), o cientista político especialista em Oriente Médio e Segurança Nacional, André Lajst, disse à Gazeta do Povo que irá processar os agressores por difamação.

“A difamação incita o ódio e precisa servir de exemplo. A incitação ao ódio gera pensamentos que geram ações, que gera violência física. E é justamente isso o que a gente precisa combater no Brasil”, disse Lajst à Gazeta, nesta sexta-feira (11).

Lajst foi alvo de alunos ligados ao Diretório Central dos Estudantes (DCE), que se concentraram do lado de fora do local onde aconteceu a palestra com cartazes, megafones e bandeiras da Palestina. Aos gritos, dezenas de militantes acusaram Lajst de fazer “apologia ao genocídio do povo palestino”.

“Eles não estavam lá para protestar por causa do que eu ia falar, eles estavam lá para protestar por causa de quem eu sou. Isso é racismo e antissemitismo […] Eles falam que são contra o ‘genocício’, o ‘apartheid’ e contra ‘limpeza étnica’. Eu também sou. Nunca protegi essas ideias. Não tem nada meu defendendo essas ideias nefastas”, mas “eles convencem outras pessoas de que estão lá protestando contra alguém que é racista. Eles me chamaram de nazista. Eu sou judeu, meu avô sobreviveu ao holocausto e eu sou nazista? Eu quero a minha própria morte? Isso é ridículo, é uma difamação”, disse Lajst.

O professor precisou ser escoltado pela polícia para entrar e sair do local com segurança. A manifestação não impediu a realização da palestra, mas acabou com uma servidora da universidade ferida e um militante preso.

“Lamentável. Fui convidado para falar sobre desenvolvimento sustentável na Universidade Federal do Amazonas e tive de ser escoltado pela polícia porque um grupo de antissemitas quis impedir violentamente a minha ‘presença’. Esse ódio tem que parar”, disse o professor ao comentar o ocorrido em uma publicação no Twitter.

O que diz a Universidade

Em nota enviada ao portal A Crítica, a Ufam disse que a palestra foi promovida pela Faculdade de Estudos Sociais (FES) e que todas (as unidades) têm autonomia para ofertar conteúdos que julguem importantes para os seus alunos.

“Essa premissa se baseia no Estatuto da Universidade Federal do Amazonas, mais precisamente em seu Artigo 4º, que discorre sobre a Finalidade da Universidade como instituição que deve cultivar o saber em todos os campos do conhecimento. Neste artigo, consta como missão da Ufam ‘estimular a criação cultural e o desenvolvimento do pensamento reflexivo, sem discriminação de qualquer natureza'”, diz um trecho da nota.

Reações

A StandWithUs Brasil, instituição educacional presidida pelo professor André Lajst, emitiu uma nota de repúdio às “ações antissemitas e violentas promovidas por manifestantes de grupos de ódio” durante a palestra na Ufam.

“Como instituição educacional defendemos a pluralidade e liberdade de pensamento e de expressão em ambientes acadêmicos e instituições de ensino superior. Tentar impedir com violência uma palestra acadêmica é um atentado contra os princípios democráticos, que se torna mais grave quando o motivo é a identidade do palestrante – pela nacionalidade, cor, etnia, religião, gênero, orientação sexual, etc.”, diz um trecho da nota.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) também condenou “a violência cometida por manifestantes na Universidade Federal do Amazonas” e se solidarizou com a funcionária da Ufam que foi agredida pelos militantes.

Fonte: Gazeta do Povo

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