Os pesquisadores avaliaram a eficácia de diferentes medicamentos anti-hipertensivos e descobriram que nem todos conseguem restaurar a saúde reprodutiva da mesma forma. A losartana, amplamente utilizada na clínica, reduziu a pressão arterial, mas não reverteu as alterações nos espermatozoides. Já a prazosina, um antagonista do receptor alfa-adrenérgico, além de controlar a pressão, conseguiu corrigir parte dos danos observados no sêmen.
“Esse achado sugere que apenas reduzir a pressão arterial não é suficiente para proteger a saúde reprodutiva. A combinação de agentes que reduzem a mortalidade com outros que preservem a função reprodutiva pode ser um caminho promissor”, disse Rodrigues.
‘Ainda não se sabe ao certo as causas do fenômeno’
A equipe ainda pretende aprofundar a pesquisa sobre os efeitos da hipertensão arterial e dos medicamentos anti-hipertensivos no epidídimo, estrutura responsável pelo armazenamento dos espermatozoides antes da ejaculação. Além disso, investigará o impacto da atividade física na qualidade do sêmen e na microcirculação testicular.
“Queremos entender se intervenções não farmacológicas, como o exercício, podem oferecer benefícios similares aos dos medicamentos, promovendo melhorias na saúde reprodutiva de forma natural”, contou o professor do ICB.
O estudo reforça a necessidade de compreender os impactos sistêmicos da hipertensão arterial, uma condição que atinge milhões de pessoas no Brasil e no mundo. “Um dado alarmante é que, nos últimos 50 anos, tem se observado uma redução de cerca de 50% de espermatozoides presentes no sêmen, em indivíduos hipertensos ou não. Ainda não se sabe ao certo as causas do fenômeno, ou se ele vai começar a comprometer a reprodução da espécie no futuro. Por isso, todo estudo é bem-vindo, seja para reverter ou impedir que essa redução aumente”, completou