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Presidente de Portugal precisa ver ‘O Rosto de Camões’ – 12/06/2024 – José Manuel Diogo

A exposição fotográfica “O Rosto de Camões,” inaugurada pela Casa da Cidadania da Língua no mesmo dia em que Coimbra e sua universidade comemoraram os 500 anos do poeta e que a Folha destacou na Ilustríssima, é o mais belo soco no estômago que já tomei.

Mescla de “Touro Indomável” e “Lago dos Cisnes”, filme noir e balé clássico, essa exposição mostra dez Camões diferentes. Cada um, anônimo, representando um dos países de língua oficial portuguesa, os cantos de “Os Lusíadas”, todos nos olhando sobranceiramente com rigores de Gioconda.

O aspecto mais notável desta mostra é a diversidade das representações: cinco homens e cinco mulheres, de várias cores e credos, simbolizando um Camões diverso, multifacetado e voltado para o futuro. Esse exercício artístico não apenas celebra a diversidade cultural dos países lusófonos, mas também serve como uma forma de reparação histórica.

Ao representar o poeta global por meio de múltiplas identidades e gêneros, a exposição questiona e desafia as narrativas tradicionais, promovendo uma visão necessária, mais inclusiva e equitativa, da herança cultural lusófona.

Essa exposição é um exemplo notável do papel que Portugal precisa desempenhar no estabelecimento da rota de reparação histórica que o presidente luso, Marcelo Rebelo de Sousa, chamou recentemente para a pauta do futuro.

Retratar, sob os institucionais auspícios da Universidade de Coimbra e de um dos municípios mais relevantes do país, Camões sendo branco e negro, masculino e feminino, jovem e velho, normativo e diverso, é uma demonstração clara de um compromisso com a inclusão e a reparação histórica, mostrando que Portugal está disposto a revisitar e a reavaliar sua herança cultural de maneira crítica e inclusiva.

Doutor Marcelo, esta é uma oportunidade única para o senhor vivenciar de forma tangível o seu compromisso com a reparação histórica.

Ver “O Rosto de Camões” lhe dará uma perspectiva diferenciada da identidade lusófona contemporânea e reforçará a importância de uma abordagem culturalmente inclusiva nas políticas de reparação.

A exposição do João Vilhena não é apenas simbólica; ela é ação e concretização do seu posicionamento transformador sobre o legado colonial e as futuras relações entre Portugal e os países de língua portuguesa.

Ela é mais do que uma celebração artística; é um ato político de grande importância. É um convite a refletir sobre os elementos essenciais para a construção desse futuro mais justo e equitativo.

E quando outros políticos portugueses visitarem “O Rosto de Camões,” eles estarão reconhecendo e promovendo um novo paradigma de identidade na lusofonia, um que é diverso, inclusivo e voltado para o futuro.


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Fonte: Folha de São Paulo

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