spot_img
HomeMundoPresidente da Coreia do Sul é preso por insurreição - 14/01/2025 -...

Presidente da Coreia do Sul é preso por insurreição – 14/01/2025 – Mundo

O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, afastado do cargo pelo Parlamento depois de um processo de impeachment, foi preso nesta terça-feira (14), manhã de quarta (15) no horário local, no âmbito do inquérito que investiga se ele cometeu insurreição ao decretar lei marcial e suspender os direitos políticos do país em uma tentativa de autogolpe ocorrida em dezembro.

Yoon foi conduzido a um escritório do gabinete anticorrupção que lidera o inquérito. Ele teria que prestar depoimento, mas ficou em silêncio e não respondeu aos investigadores.

Essa foi a segunda tentativa da polícia de executar o mandado de prisão autorizado pela Justiça sul-coreana contra Yoon. Assim como aconteceu no último dia 3, apoiadores do político tentaram barrar a entrada das forças de segurança à residência oficial do presidente, e a guarda presidencial chegou a montar barricadas com veículos nas ruas próximas ao imóvel.

O líder deve ficar em uma cela solitária no Centro de Detenção de Seul. Por volta das 20h do horário local (8h em Brasília), um idoso ateou fogo ao próprio corpo em um lugar próximo ao escritório em que ele era sendo interrogado, aparentemente em um protesto contra a prisão de Yoon. Segundo os bombeiros, o homem sofreu queimaduras graves e ficou inconsciente após o incidente.

Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos agradeceu aos cidadãos sul-coreanos e a Seul por “agirem de acordo com a Constituição”, sugerindo apoio à gama de processos que se instalou contra Yoon desde o fim do ano passado.

O principal porta-voz do governo do Japão, Yoshimasa Hayashi, disse em uma entrevista coletiva que Tóquio acompanha de perto os acontecimentos na Coreia do Sul “com interesse particular e sério”.

Antes da prisão, um assessor de Yoon havia dito que o presidente prestaria depoimento voluntariamente se a polícia deixasse a residência oficial primeiro. Logo em seguida, porém, a imprensa do país noticiou a prisão, e as autoridades confirmaram o desfecho do impasse, que durou horas.

A justificativa para a ordem de captura é a recusa de Yoon de prestar depoimento e colaborar com a investigação —o presidente faltou diversas vezes a interrogatórios, tanto no caso criminal quanto no julgamento do Tribunal Constitucional que avalia o impeachment aprovado pelo Parlamento.

O crime de insurreição é um dos poucos contra os quais um presidente sul-coreano não tem imunidade. O caso pode resultar em uma sentença de prisão perpétua ou mesmo pena de morte, embora o país não execute ninguém desde 1997.

Ainda que esteja afastado do cargo, Yoon tecnicamente ainda é presidente da Coreia do Sul até que o Tribunal Constitucional, órgão judicial máximo do país, decida se chancela ou anula a decisão da Assembleia Nacional —por isso, ele ainda estava na residência oficial e tem uma equipe de segurança ao seu dispor.

Imagens da televisão sul-coreana antes da prisão mostravam policiais tentando afastar uma multidão de apoiadores e acessar o imóvel pela porta da frente e pelos fundos. Yoon não deixava a residência oficial havia semanas e se cercou de seguranças. A defesa do presidente afastado afirma que a ordem de prisão é ilegal e que teria o objetivo de humilhá-lo politicamente.

Após a captura de Yoon, advogados do presidente afastado afirmaram que a prisão é “um ato deplorável e parte de uma série de ações ilegais”. Em nota, o presidente afastado diz ter se entregado voluntariamente à polícia “a fim de evitar derramamento de sangue”, informação que não havia sido confirmada pelas autoridades.

Diversas pessoas que protestavam contra a prisão de Yoon, relacionada à sua surpreendente decisão de declarar lei marcial em 3 de dezembro, o que mergulhou o país em uma turbulência política, ainda estavam reunidas em frente aos escritórios no momento do incidente.

No último dia 3, autoridades que investigam o caso tentaram prender Yoon, sem sucesso. Após um tenso impasse de seis horas, os agentes desistiram de cumprir o mandado devido à resistência dos guardas presidenciais. No último dia 7, a Justiça emitiu uma nova ordem de prisão.

Ao avançar contra a residência nesta terça, as autoridades avisaram aos apoiadores de Yoon reunidos em frente à residência oficial que resistir à polícia poderia resultar em prisões e abertura de processos, mas eles continuaram gritando palavras de ordem e exibindo cartazes.

A maioria das mensagens fazia referência à teoria da conspiração disseminada pelo presidente de que as eleições de 2024, nas quais o partido governista virou minoria na Assembleia Nacional, foram fraudadas —não há qualquer evidência nesse sentido.

Ainda assim, a suposta fraude foi uma das razões utilizadas por Yoon para justificar a tentativa de autogolpe em dezembro passado, quando o presidente tentou utilizar as Forças Armadas para fechar o Parlamento e deu início à mais grave crise política do país asiático em décadas.

Mais cedo nesta terça, Yoon faltou pela segunda vez a uma audiência do Tribunal Constitucional que julga seu impeachment. Os advogados do presidente afirmam que as tentativas do gabinete anticorrupção de prendê-lo o impediram de se defender no processo que determina se ele será removido do cargo.

A próxima audiência do caso está marcada para quinta-feira (16). O Tribunal Constitucional da Coreia do Sul tem 180 dias para decidir se remove Yoon do cargo ou se restaura seus poderes presidenciais.

Fonte: Folha de São Paulo

RELATED ARTICLES

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

- Advertisment -spot_img

Outras Notícias