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Polêmica ativista digital acompanha Trump na campanha – 14/09/2024 – Mundo

Antes de Donald Trump viajar à Filadélfia para o debate desta semana, ele convidou uma das figuras mais polarizadoras da internet para acompanhá-lo.

Laura Loomer estava nos bastidores com a campanha de Trump enquanto ele enfrentava a vice-presidente Kamala Harris. Loomer falou com ele imediatamente após o embate. No dia seguinte, voou com o ex-presidente para Nova York e Shanksville, na Pensilvânia, para relembrar os 23 anos dos ataques de 11 de Setembro.

Ativista de extrema direita conhecida por sua interminável série de postagens machistas, homofóbicas, transfóbicas, antimuçulmanas e ocasionalmente antissemitas nas redes sociais e por suas ações públicas, Loomer se destacou na última década ao afirmar sem rodeios que o 11 de Setembro foi “um trabalho interno”, chamar o Islã de “um câncer”, acusar a esposa do governador da Flórida, Ron DeSantis, de exagerar sobre tumor na mama e afirmar que o presidente dos EUA, Joe Biden, estava por trás da tentativa de assassinar Trump em julho.

Apenas dois dias antes do debate, Loomer, 31, postou uma piada racista sobre a vice-presidente, cuja mãe é indo-americana. Loomer escreveu no X que, se Kamala vencesse a eleição, a Casa Branca “cheiraria a curry”.

Para muitos observadores, incluindo alguns dos aliados mais importantes de Trump, a escolha do candidato presidencial republicano de dar destaque a uma instigadora de mídia social, embora com 1,3 milhão de seguidores no X, foi surpreendente, ainda mais em um momento crítico da campanha.

“A história dessa pessoa é realmente tóxica”, disse o senador Lindsey Graham, aliado de Trump, a um repórter do HuffPost na quinta-feira (12). “Não é útil de forma alguma.”

Seus comentários foram ecoados pela deputada Marjorie Taylor Greene, apoiadora dedicada de Trump. “Não acho que ela tenha a experiência ou a mentalidade certa para aconselhar uma eleição presidencial muito importante”, disse ela a repórteres na manhã de quinta.

Loomer se recusou a comentar, dizendo em uma mensagem de texto que não estava “interessada em falar com a mídia para que possam promover suas conspirações sobre mim”. Mas ela recorreu ao X, seu canal favorito, para atacar tanto Marjorie Greene quanto Graham, chamando-os de desleais a Trump enquanto fazia uma série de acusações sobre suas vidas pessoais.

As críticas não diminuíram o entusiasmo do candidato por ela. Na tarde de quinta, Trump compartilhou na rede social Truth Social uma postagem dela tentando desmentir matéria da Axios que dizia que Kamala estava superando o republicano nas redes sociais.

Questionada sobre sua associação com o ex-presidente, a campanha de Trump respondeu com uma declaração que havia divulgado na quarta-feira sobre o aniversário do 11 de Setembro, que não abordava perguntas sobre seus laços com Trump.

“O dia não foi sobre ninguém além das almas que não estão mais conosco, suas famílias e os heróis que corajosamente se levantaram para salvar seus compatriotas naquele dia fatídico”, dizia a nota.

Esta não foi a primeira associação de Trump com ela. O ex-presidente amplificou muitas de suas postagens nas redes sociais em suas próprias contas. Em janeiro, ela, que mora na Filadélfia, voou com ele para Iowa durante a preparação para as prévias do estado. Em abril, o The New York Times relatou que Trump estava considerando contratá-la para sua campanha —um plano que ele abandonou depois que alguns de seus apoiadores se opuseram à ideia.

Mas com sete semanas restantes de corrida presidencial, momento em que a sabedoria convencional pede que os candidatos ampliem sua mensagem para atrair eleitores moderados indecisos, o abraço de Trump a Loomer é um sinal claro de que ele está, em vez disso, reforçando alguns dos elementos mais cáusticos da extrema direita.

Outro sinal veio na terça, quando a campanha republicana montou uma “sala de guerra de mídia social” na Filadélfia para responder em tempo real ao debate. Aproximadamente 18 influenciadores conservadores se reuniram em uma sala de conferências no mesmo hotel onde Kamala estava hospedada— e elaboraram respostas para cada fala da vice-presidente durante o debate enquanto defendiam vigorosamente Trump.

O grupo incluía Jack Posobiec, um podcaster de direita que ajudou a espalhar a teoria da conspiração Pizzagate de que políticos democratas secretamente administravam uma rede de tráfico sexual de crianças em uma pizzaria de Washington. E lá estava Rogan O’Handley, um negacionista das eleições e cético em relação às vacinas.

Antes do evento, Trump enviou a cada pessoa uma carta assinada agradecendo “por ser um guerreiro das mídias sociais na luta para salvar nosso país”. Dizia que estava “ansioso para criar conteúdo viral com você na Casa Branca em apenas alguns meses”.

O grupo, de acordo com Alex Bruesewitz, consultor político contratado pela campanha no mês passado, tinha coletivamente cerca de 50 milhões de seguidores nas redes sociais. Pouco antes do início do debate, ele atendeu a uma chamada de vídeo de Trump, que fez um discurso motivacional.

“Vocês são mais importantes do que eu, na verdade, porque vocês vão divulgar a palavra, do jeito que querem”, Trump foi gravado dizendo em um vídeo da chamada postado posteriormente nas redes sociais.

A maioria compartilhou imagens, geradas com inteligência artificial, de cães, gatos e patos sendo protegidos por Trump, juntamente com outros conteúdos que destacavam a alegação infundada de que os animais de estimação estavam sendo comidos. Na segunda-feira, por exemplo, O’Handley postou uma imagem de Trump montado em um gato gigante enquanto segurava um rifle estilo AR-15.

Loomer, por sua vez, postou anúncios de coleiras para cães inscritas com a frase “não é seu almoço #MAGA” nelas, disponíveis por US$ 23,28 (cerca de R$ 130) mais frete. Outra versão trazia a frase “não me coma” em crioulo haitiano.

As duas últimas postagens de Trump no Truth Social antes do debate eram imagens de inteligência artificial de gatos e patos; uma mostrava gatos em trajes militares carregando rifles de assalto e usando bonés MAGA (slogan para “torne os EUA grande de novo”); a outra mostrava o próprio candidato sentado em um avião no meio de uma multidão de patos e gatos.

Então, com aproximadamente 26 minutos no debate, Trump respondeu a uma pergunta sobre imigração afirmando que os migrantes estavam “comendo os animais de estimação das pessoas que vivem” em Springfield.

Para muitos dos 67 milhões de pessoas assistindo ao debate, que não estão tão presentes online quanto o ex-presidente ou seus apoiadores nas redes sociais, o comentário pode ter sido confuso. Mas para alguns que esperam vê-lo derrotado nas urnas em novembro, todo o episódio provocou um certo regozijo.

Na quinta, a ex-senadora Claire McCaskill, democrata do Missouri, recorreu às redes sociais para sarcasticamente encorajar Trump a passar mais tempo com Loomer, chamando-a de “conselheira perfeita”.

Fonte: Folha de São Paulo

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