O Pentágono afirmou nesta quarta-feira (2) —após contestações públicas do secretário de Defesa, Pete Hegseth— que o programa nuclear do Irã foi atrasado e degradado por até dois anos após os ataques dos Estados Unidos que, segundo comunicado, destruíram os três locais alvejados.
Na última semana, o presidente americano, Donald Trump, havia se pronunciado comparando os ataques ao Irã com as bombas direcionadas a Hiroshima e Nagasaki, no Japão, na Segunda Guerra Mundial. “Aquilo acabou com aquela guerra. Isto acabou com a guerra”, disse o republicano a jornalistas na quarta-feira (25), durante uma reunião com o Secretário-Geral da Otan, Mark Rutte, antes de uma cúpula em Haia.
No dia anterior à declaração, a Agência de Inteligência de Defesa dos EUA (DIA, na sigla em inglês) já tinha avaliado que os ataques atrasaram o programa nuclear do Irã em apenas alguns meses. No momento, ao contrariar as conclusões da DIA, Trump recebeu o apoio dos secretários de Estado, Marco Rubio, e de Defesa, Pete Hegseth, que também lançaram dúvidas sobre a confiabilidade da avaliação. “Quando você realmente olha para o relatório —a propósito, era um relatório ultrassecreto— era preliminar, tinha baixa confiança”, disse Hegseth, que é também chefe do Pentágono. “Há um motivo político aqui.”
O presidente chegou a afirmar que “foi uma obliteração” o que decorreu dos ataques. “A inteligência diz: ‘Não sabemos, poderia ter sido muito severo.’ É o que a inteligência diz. Então, acho que isso está correto, mas acredito que podemos desconsiderar o ‘não sabemos’. Foi muito severo. Foi uma obliteração”, disse.
Veja a fortaleza nuclear de Fordow antes e depois do ataque
Imagens de satelite mostram a central nuclear subterrânea de Fordow, no Irã, antes e depois de se alvejada por seis superbombas neste domingo pelos EUA
– Maxar Technologies/AFP
A afirmação do Pentágono desta quarta muda de direção, e é feita à sombra do anúncio de suspensão da cooperação iraniana com a Agência Internacional e Energia Atômica (AIEA) o órgão da ONU que fiscaliza os programas nucleares dos países signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
Os Estados Unidos classificaram de “inaceitável” a decisão, uma vez que foi tomada “em um momento em que há uma janela de oportunidade para reverter o curso e escolher um caminho de paz e prosperidade”, disse a porta-voz do Departamento de Estado, Tammy Bruce. “O Irã deve cooperar com a AIEA”, acrescentou.
O país persa rejeitou anteriormente uma solicitação do chefe da AIEA, Rafael Grossi, para visitar as instalações nucleares bombardeadas pelos EUA e avaliar as extensão dos danos. O Irã afirmou que o pedido reflete as “más intenções” do argentino.
Em entrevista à CBS News, o ministro de Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, afirmou que o bombardeio americano causou “danos sérios e extensos” ao complexo de Fordow, que fica enterrado em uma montanha no Irã.
“Ninguém sabe exatamente o que ocorreu em Fordow. Dito isso, o que sabemos até agora é que as instalações foram seriamente e fortemente danificadas”, disse o chanceler na entrevista transmitida na terça-feira (1º). “A Organização de Energia Atômica da República Islâmica do Irã está atualmente realizando avaliações e análises, cujo relatório será apresentado ao governo.”