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Paquistão e Irã concordam em iniciar ‘desescalada’ – 19/01/2024 – Mundo

Uma conversa entre os chanceleres do Paquistão e do Irã, países que nos últimos dias trocaram ataques mútuos com drones e mísseis, selou nesta sexta-feira (19) o que se desenha como um novo compromisso de desescalar a tensão na região, disse Islamabad.

O governo paquistanês afirmou na nota ter expressado sua disposição de trabalhar com o Irã em “todas as questões”. O anúncio vem após serem registrados ataques de retaliação dos dois países, nas maiores intrusões transfronteiriças dos últimos anos.

Os episódios elevaram a tensão na região do Oriente Médio, já instável devido à atual guerra entre Israel e a facção terrorista palestina Hamas que se desenrola na Faixa de Gaza há mais de cem dias. Mas, embora Irã e Paquistão tenham uma história de relações conturbadas, agora ambos os lados já sinalizaram o desejo de reduzir as tensões.

O comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão informava que o chanceler Jalil Abbas Jilani havia conversado com seu homólogo iraniano, Hossein Amirabdollahian, nesta sexta-feira, um dia depois de Islamabad realizar ataques aéreos no Irã.

Teerã disse que os ataques desta quinta-feira (18) mataram ao menos nove pessoas em uma vila na fronteira de seu território, incluindo quatro crianças. Já o Paquistão afirmou que o ataque iraniano na última terça-feira (16) matou ao menos duas crianças.

“O ministro Jilani expressou a disposição do Paquistão de trabalhar com o Irã em todas as questões com base no espírito de confiança mútua e cooperação”, afirma o texto. “Ele enfatizou a necessidade de uma cooperação mais estreita em questões de segurança.”

O contato ocorre após uma outra ligação entre Jilani e seu homólogo turco, na qual Islamabad disse que “o Paquistão não tem interesse ou desejo em escalada”.

Amirabdollahian, em comentários publicados pela mídia estatal do regime do Irã, disse que “a soberania e a integridade territorial do Paquistão são de grande interesse” para Teerã e que “a cooperação bilateral é essencial para neutralizar e destruir acampamentos de grupos terroristas que atuam em solo paquistanês”.

Os contatos diplomáticos ocorreram paralelamente à convocação, pelo premiê interino do Paquistão, Anwaar ul Haq Kakar, de uma reunião do Comitê de Segurança Nacional, com todos os chefes dos serviços militares presentes. Ele encurtou sua visita ao Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, e voltou para casa na quinta-feira.

A reunião concluiu que “os dois países seriam capazes de superar mutuamente contratempos por meio do diálogo e da diplomacia e abrir o caminho para aprofundar ainda mais suas relações históricas”, de acordo com um comunicado do gabinete do primeiro-ministro.

No entanto, também foi resolvido que qualquer tentativa de violar o território do Paquistão “será respondida com toda a força do Estado”.

Kakar disse que era do “interesse de ambos os países” retornar às relações como estavam antes dos ataques do Irã. O Paquistão havia chamado seu embaixador de Teerã para conversas, o que é considerado um grave alarme diplomático, e não havia permitido que o embaixador do Irã retornasse a Islamabad.

O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, instou as nações a conterem os ataques. Os Estados Unidos também fizeram pedido semelhante, embora o presidente americano, Joe Biden, tenha dito que os confrontos mostraram que o Irã, inimigo de longa data de Washington, “não é bem-visto na região”.

Islamabad disse que atingiu bases do grupo separatista Frente de Libertação do Baluchistão e Exército de Libertação do Baluchistão, enquanto Teerã disse que seus drones e mísseis atingiram militantes do grupo radical Jaish al-Adl.

Os grupos militantes operam em uma área que inclui a província sudoeste do Baluchistão, no Paquistão, e a província sudeste de Sistão-Baluchistão, no Irã. Ambas são, em geral, consideradas instáveis, ricas em minerais e, em grande parte, subdesenvolvidas.

Os grupos atacados por Islamabad têm travado uma insurgência armada há décadas contra o Estado paquistanês, incluindo ataques contra cidadãos chineses e projetos de investimento no Baluchistão.

O Jaish al-Adl, que o Irã atacou, tem uma base islâmica sunita vista como uma ameaça pelo Irã, dominado por um regime xiita. O grupo, que tem ligações com o Estado Islâmico (EI), realizou ataques no Irã contra seu poderoso Exército dos Guardiães da Revolução Islâmica.

No contexto da guerra em Gaza, Irã e seus aliados do chamado “eixo da resistência” têm buscado mostrar sua força na região. Nesta mesma semana, o Irã lançou ataques na Síria contra o que disse serem locais do EI, e no Iraque, onde disse ter atingido um centro de espionagem israelense.

Fonte: Folha de São Paulo

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