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HomeMundoPaíses árabes criam plano para criar Estado palestino - 18/01/2024 - Mundo

Países árabes criam plano para criar Estado palestino – 18/01/2024 – Mundo

Países árabes estão trabalhando para garantir um cessar-fogo na guerra que se desenrola na Faixa de Gaza e a libertação de reféns pelo Hamas. A iniciativa seria parte de um plano mais amplo para oferecer a Israel a perspectiva de normalização dos laços com essas nações caso o país concorde com medidas “irreversíveis” em relação à criação de um Estado palestino.

Segundo um funcionário árabe de alto escalão, a ideia é apresentar o plano dentro de algumas semanas, na tentativa de encerrar a guerra entre Israel e Hamas e evitar um conflito mais amplo no Oriente Médio. Autoridades árabes discutiram o plano com os governos dos Estados Unidos e da Europa.

A iniciativa poderia incluir a normalização dos laços entre Israel e Arábia Saudita, além do compromisso de nações ocidentais com o reconhecimento formal de um Estado palestino ou com o apoio a uma plena adesão do grupo à ONU. “A questão real é que você precisa dar esperança aos palestinos. Não pode ser apenas sobre benefícios econômicos ou remoção dos símbolos da ocupação”, disse o funcionário.

A iniciativa surge no momento em que Israel enfrenta uma crescente pressão internacional para encerrar sua ofensiva em Gaza —os EUA, um dos principais aliados do país, têm intensificado seus esforços diplomáticos para evitar uma conflagração mais ampla e buscar uma solução de longo prazo para o conflito.

Nesta quarta-feira (17), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, descreveu a guerra em Gaza como “dilacerante”, acrescentando era necessário um Estado palestino “que desse às pessoas o que elas querem e trabalhasse com Israel para ser eficaz”.

Quando o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, o príncipe Faisal bin Farhan, foi questionado na terça (16) se Riad reconheceria Israel como parte de um acordo político mais amplo, ele disse que “certamente”.

“Concordamos que a paz regional inclui a paz para Israel, mas isso só poderia acontecer por meio da paz para os palestinos, por meio de um Estado palestino”, disse ele em um painel no Fórum Econômico Mundial em Davos.

Horas depois, também durante o encontro de líderes nos Alpes suíços, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse que Washington continua focado em garantir um acordo que leve à normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel como parte de seus planos para a era pós-guerra.

“Nossa abordagem é e continua focada em avançar em direção a uma maior integração e estabilidade na região”, disse Sullivan.

Há, porém, vários desafios para garantir um acordo com Israel.

Após o ataque do Hamas em 7 de outubro, que matou cerca de 1.200 pessoas, autoridades israelenses alertaram que a guerra em Gaza duraria meses, e o primeiro-ministro do país, Binyamin Netanyahu, descartou trabalhar com a Autoridade Palestina, apoiada pelo Ocidente, e rejeitou uma solução de dois estados.

Em dezembro, o premiê disse estar “orgulhoso” por ter impedido a criação de um Estado palestino. “Todos entendem o que teria acontecido se tivéssemos cedido às pressões internacionais e permitido um Estado assim”, afirmou.

Netanyahu lidera o governo mais à direita da história de Israel, que inclui colonos sionistas religiosos que pedem abertamente a anexação da Cisjordânia. “Dado o corpo político israelense hoje, a normalização é talvez o que pode tirar os israelenses do abismo”, disse o alto funcionário árabe.

A Arábia Saudita estava se aproximando cada vez mais de estabelecer relações diplomáticas com Israel antes do ataque do Hamas em 7 de outubro, em troca do apoio dos EUA a um pacto de segurança com Riad e ao desenvolvimento das ambições nucleares do reino.

Autoridades americanas e sauditas também estavam discutindo questões palestinas para o acordo, que incluía congelar a expansão dos assentamentos israelenses na Cisjordânia, aumentar o apoio à Autoridade Palestina que administra partes do território ocupado e estabelecer um caminho para uma solução de dois estados.

Antes do início da guerra, Blinken visitaria Riad em meados de outubro para discutir tais planos, mas o ataque do Hamas e a resposta de Israel em Gaza interromperam esse processo.

A Arábia Saudita, porém, deixou claro que, embora o processo estivesse parado, o reino não havia descartado a opção. Também ficou evidente que Riad teria que obter mais concessões de Israel para os palestinos, incluindo em Gaza, com medidas mais concretas em direção à criação de um Estado palestino.

“Já tínhamos um esboço da Autoridade Palestina”, disse uma pessoa informada sobre as conversas. “Agora esse elemento precisa ser fortalecido para ser politicamente viável em algum momento no futuro.”

Desde 7 de outubro, a administração do presidente americano, Joe Biden —o maior apoiador de Israel—, tem falado repetidamente sobre a necessidade de uma solução de dois estados como a única opção para fornecer, em última análise, a segurança que o Estado judeu almeja.

A disposição da Arábia Saudita para considerar a normalização da diplomacia com Israel fornece uma potencial moeda de troca com Tel Aviv, que considera os laços com o reino o grande prêmio em seus esforços para desenvolver relações com os estados árabes. O país rico em petróleo se destaca como líder do mundo muçulmano sunita e guardião dos dois locais mais sagrados do Islã.

O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman, líder da nação, estava ansioso para normalizar a relação com Israel como parte de seu ambicioso programa para desenvolver o reino conservador em um centro financeiro, comercial e turístico.

Agora, assim como outros estados árabes, Riad está preocupada com o risco de a guerra entre Israel e Hamas causar uma conflagração regional que ultrapasse as fronteiras e com o perigo de que a devastação em Gaza radicalize uma nova geração de jovens árabes.

A liderança saudita expressou indignação com a ofensiva de Israel em Gaza, que matou mais de 24 mil, segundo autoridades de saúde palestinas, aumentou o risco de fome, de acordo com organizações humanitárias, e reduziu grandes áreas do território a terras arrasadas. Eles repetidamente se juntaram aos apelos por um cessar-fogo imediato em Gaza.

Na quarta, Blinken disse que cabe a Israel “aproveitar a oportunidade que acreditamos estar lá”, afirmando que a crise é “um ponto de inflexão” para o Oriente Médio que requer decisões difíceis.

Fonte: Folha de São Paulo

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