Os Estados Unidos mantêm bases militares em diversos países do Oriente Médio, incluindo o Qatar, onde uma instalação americana foi alvo de ataque iraniano nesta segunda-feira (23). Essa rede de bases tem permitido a Washington responder a ameaças na região, como as investidas dos rebeldes houthis, no Iêmen, e a escalada das tensões entre Israel e Irã.
Nessa nova ofensiva, os iranianos lançaram mísseis contra a base de Al-Udeid, no Qatar —a maior presença militar dos EUA no Oriente Médio—, em retaliação ao bombardeio americano contra instalações nucleares em seu território no fim de semana.
Segundo o governo americano, o ataque foi limitado e não deixou vítimas. Teerã afirmou ter alvejado a base de Ain al-Asad, no Iraque, mas o Pentágono disse que não houve ameaça concreta.
Forças americanas se tornaram alvo frequente de milícias apoiadas pelo Irã desde o início da guerra entre Hamas e Israel, em outubro de 2023, segundo relatório do centro de estudos Council on Foreign Relations. Desde então, os EUA realizaram ataques de retaliação na região.
Ao longo de 2024 e 2025, os EUA ampliaram sua presença militar no Oriente Médio para conter essa crescente tensão regional, especialmente diante do confronto entre Israel e Irã, com o envio de esquadrões aéreos e deslocamento de navios como o USS Nimitz e o destróier USS Thomas Hudner.
Navios americanos e de países aliados passaram a escoltar embarcações comerciais no mar Vermelho e no golfo de Áden após uma série de ataques quase diários com drones e mísseis lançados pelos houthis, grupo armado do Iêmen. Um cessar-fogo firmado em maio de 2025 interrompeu as investidas contra navios americanos, mas analistas alertam que a ameaça a embarcações civis de outras nacionalidades ainda é alta.
A estrutura militar americana no Oriente Médio inclui ao menos 19 instalações distribuídas por países como Bahrein, Qatar, Kuwait, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Jordânia, Síria, Israel e Egito, segundo o relatório da Council on Foreign Relations. Dessas, oito são consideradas permanentes.
O Qatar abriga o quartel-general avançado do Comando Central dos EUA (Centcom), enquanto o Bahrein concentra o maior número de militares americanos fixos e sedia a 5ª Frota da Marinha. Além disso, bases em Djibuti e na Turquia, ainda que pertencentes a comandos regionais distintos, servem de apoio a operações na região.
Al-Udeid, localizada perto de Doha, capital do Qatar, serve como quartel-general das operações aéreas do Comando Central dos EUA no Oriente Médio e abriga quase 8.000 soldados americanos, de acordo com a BBC. O acesso à base foi concedido no ano 2000.
Depois que os americanos assumiram a administração da base no ano seguinte, Doha e Washington assinaram um acordo que reconheceu oficialmente a presença militar americana na base de Al-Udeid, de acordo com a empresa de inteligência Grey Dynamics, sediada em Londres. Em 2024, a CNN informou que os EUA chegaram a um acordo para estender sua presença militar no Qatar por mais dez anos.
Em meio a esse cenário, os EUA mantêm cerca de 40 mil militares na região, segundo dados de junho de 2025 do Departamento de Defesa.
Parte significativa desse efetivo está embarcada, em operações navais no mar Vermelho, golfo de Áden e Mediterrâneo oriental. O número atual representa uma leve queda em relação a outubro de 2024, quando havia 43 mil militares no local, mas permanece acima da média dos anos anteriores, em torno de 30 mil.
Nos últimos dias, diante da ofensiva israelense contra instalações nucleares iranianas e da ameaça de retaliação de Teerã, os EUA reposicionaram diversos ativos militares.
De acordo com o centro de estudos, o porta-aviões USS Carl Vinson foi deslocado para o mar Arábico em março; o USS Nimitz, antes no Indo-Pacífico, foi transferido para a região em junho; e o destróier USS Thomas Hudner foi enviado do Mediterrâneo ocidental para reforçar a prontidão no leste.
Já o USS Harry S. Truman retornou aos EUA após mais de oito meses em operação no Oriente Médio. Essas movimentações ocorreram em paralelo ao envio de novos esquadrões de aeronaves e ao reforço da presença aérea e naval dos EUA diante da escalada militar no Golfo.