Um avião de passageiros da Air India transportando 242 pessoas com destino a Londres caiu no oeste da Índia nesta quinta-feira (12), informou a companhia aérea nas redes sociais. A polícia já confirmou 290 mortes, incluindo vítimas atingidas no solo.
O voo 171, que caiu logo após a decolagem nas proximidades do aeroporto de Ahmedabad, no estado de Gujarat, tinha como destino o aeroporto Gatwick, em Londres, disse a Air India.
Onde ocorreu o acidente?
O avião caiu perto do aeroporto na cidade de Ahmedabad, em uma área residencial no campus de uma faculdade de medicina local, de acordo com um funcionário do Bharatiya Janata, o partido governante do estado.
O avião “esteve envolvido em um acidente hoje após a decolagem” às 13h38 no horário local (5h08 de Brasília), confirmou a Air India. A empresa acrescentou que era um Boeing 787-8 Dreamliner.
Vídeos compartilhados pela mídia local mostraram enormes nuvens de fumaça preta espessa subindo ao céu perto do aeroporto. Bombeiros tentavam apagar os destroços do avião em frente a edifícios residenciais carbonizados, de acordo com imagens verificadas pelo The New York Times.
Quem estava no voo?
A Air India informou que os 242 passageiros e tripulantes do avião incluíam 169 indianos, 53 cidadãos britânicos, sete portugueses e um canadense.
Um dos passageiros era Vijay Rupani, ex-governador de Gujarat que liderou o estado até 2021, de acordo com uma lista de passageiros confirmada por oficiais de seu partido.
O que aconteceu na faculdade de medicina?
O avião matou pelo menos cinco estudantes de medicina no B.J. Medical College, onde caiu, segundo Minakshi Parikh, diretora da faculdade.
Ela disse que o avião atingiu o refeitório do alojamento estudantil em um momento em que 60 a 80 estudantes estavam almoçando.
“A maioria dos estudantes escapou, mas 10 ou 12 ficaram presos no incêndio”, disse ela. “A fumaça era muito espessa.”
Qual foi a causa?
Não ficou imediatamente claro por que o avião caiu.
Como é o histórico de segurança da Air India?
A Air India, a principal companhia aérea do país, tem trabalhado para melhorar seu histórico após vários incidentes perigosos há cerca de 15 anos.
Seu último grande acidente foi em 2020, quando um avião de passageiros da Air India Express, uma subsidiária, derrapou e se partiu ao meio em uma pista molhada pela chuva. Pelo menos 17 pessoas morreram nesse acidente no estado indiano de Kerala, no sul do país, onde a visibilidade era baixa.
Uma década antes, em 2010, um avião da Air India Express ultrapassou uma pista no topo de uma colina em Mangalore, uma cidade no estado ocidental de Karnataka. O avião explodiu em chamas, matando mais de 150 pessoas.
Na época, muitos estavam preocupados com a segurança do setor de aviação em rápida expansão da Índia —em 2009, houve três quase acidentes no aeroporto de Mumbai— além de preocupações sobre o profissionalismo da Air India.
Um avião havia voado sem tripulação por vários minutos durante uma briga entre pilotos e comissários de bordo, e outra aeronave da Air India sofreu um atraso de 11 horas devido a uma busca em todo o avião por ratos.
O que sabemos sobre o Boeing Dreamliner?
Até esta quinta (12), nenhum Dreamliner, também conhecido como 787, havia sido destruído ou danificado além do reparo econômico, o que é chamado de “perda total” na indústria da aviação, de acordo com o resumo anual mais recente de incidentes e acidentes da Boeing, divulgado em abril de 2025.
Em um comunicado, a Boeing disse que estava ciente dos relatórios iniciais sobre o acidente da Air India e estava “trabalhando para reunir mais informações”.
Nenhum incidente fatal envolvendo o Dreamliner havia sido registrado até o momento, de acordo com o banco de dados da Aviation Safety Network. Mas o avião já experimentou problemas operacionais no passado que resultaram em ferimentos aos passageiros.
Em novembro, um voo 787 operado pela Latam Airlines, a companhia aérea chilena, “experimentou uma descida repentina durante voo de cruzeiro”, resultando em dois ferimentos graves, mostram dados da Boeing.
E a empresa enfrentou sérias preocupações de segurança levantadas por denunciantes no passado: a Administração Federal de Aviação dos EUA disse em abril de 2024 que estava investigando relatos de um engenheiro da Boeing de que partes da fuselagem do avião foram fixadas incorretamente.
Esse engenheiro, Sam Salehpour, disse que a fuselagem poderia se romper em pleno voo após milhares de viagens. Grandes peças vieram de diferentes fabricantes, disse ele, e não tinham exatamente a mesma forma quando se encaixavam.
A Boeing disse que realizou testes extensivos no Dreamliner e “determinou que este não é um problema imediato de segurança de voo” e que estava “totalmente confiante” no avião.
Não está claro quantos voos a aeronave da Air India havia completado. O avião tinha mais de uma década de idade, mostram registros do Flightradar24.
Este artigo foi publicado originalmente aqui.