O conflito bélico entre Irã e Israel tem se intensificado nos últimos dias. Como parte de sua estratégia ofensiva, o Irã tem lançado mísseis direcionados ao território israelense, que tenta combatê-los com um sistema de defesa antimísseis conhecido como Domo de Ferro.
Mísseis estão furando o Domo de Ferro. Apesar de o Domo de Ferro ter abatido parte dos mísseis, vários projéteis iranianos conseguiram penetrar o sistema de defesa. Uma das ofensivas realizadas no domingo, por exemplo, atingiu edifícios residenciais na planície costeira e no norte de Israel. Um outro ataque atingiu estações de abastecimento para caças israelenses.
Mesclando diferentes frentes de ataque, Irã provoca sobrecarga nos sistemas de defesa aérea de Israel. Neste cenário, as forças israelenses têm uma “pequena janela” para detectar, avaliar e responder a ameaças iminentes, explicou Joe Truzman, analista do Long War Journal, ao jornal norte-americano The New York Times. Ao direcionar uma grande quantidade de disparos, o Irã espera que ao menos alguns destes projéteis consigam passar pelo sistema de defesa de Israel.
Irã conta com uma ampla gama de opções para atacar Israel pelo céu. Mísseis balísticos pesados, por exemplo, voam a velocidades muitas vezes superiores à do som e podem, em poucos minutos, deixar o território iraniano e chegar até Israel. Mísseis de cruzeiro e drones também fazem parte dos artefatos lançados pelo Irã, voando baixo e sendo difíceis de detectar.
“O que o Irã tenta fazer ao atacar Israel é lançar todas essas coisas [os diferentes tipos de mísseis e drones] de uma vez. Assim, eles teriam coisas voando em diferentes níveis, em trajetórias diferentes e em velocidades diferentes, o que visa saturar o sistema de radares de Israel, que tem que escolher se vai abatê-los ou não”, diz Afshon Ostovar, professor na Escola de Pós-Graduação Naval (EUA), em entrevista ao The Wall Street Journal.
ISRAEL ESTARIA ESGOTANDO ESTOQUE DE INTERCEPTADORES
Domo de Ferro conta com radares que identificam ameaças quase instantaneamente. Após identificar um míssil, o sistema estima o local da queda e define se o foguete será interceptado ou não: se o sistema avaliar que o foguete inimigo irá cair em uma região povoada, o Domo de Ferro lança pelo menos dois mísseis para interceptá-lo.
Arsenal de interceptadores à disposição das forças armadas israelenses é motivo de especulação desde o ano passado. Em outubro, cerca de 30 mísseis balísticos iranianos caíram “ilesos” perto de uma base militar no sul de Israel. Em maio deste ano, um míssil lançado pelo grupo extremista Houthi, do Iêmen, escapou dos sistemas de defesa aérea israelense e caiu perto do Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv.
Demanda por interceptadores está maior do que o volume em estoque israelense. Tom Karako, especialista em defesa antimísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington (EUA), explicou ao The New York Times que o governo de Israel pode levar “anos” para produzir interceptadores de mísseis suficientes para seus conflitos bélicos. Com a utilização frequente destes interceptadores desde o início do conflito com o grupo Hamas, em outubro de 2023, Israel está “esgotando” seu estoque deste tipo de armamento, disse Karako.