Defintivamente, exercer mandato político no Brasil (e Alagoas se inclui nesse contexto) virou meio de vida – ou de enriquecer com mais facilidade, como preferem dizer alguns.
O que menos importa para ocupantes de cargos no Executivo e no Legislativo é a remuneração fixa que esse pessoal recebe, pois o que vale mesmo para eles são as verbas variáveis que “engordam” seus ganhos de forma considerável.
Não bastasse isso, ainda há as famosas emendas legislativas que beneficiam instituições ditas assistenciais dirigidas normalmente pelos próprios parlamentares, por parentes seus ou por “laranjas”, proporcionando retorno financeiro não apenas no dia a dia dessas atividades mas, especialmente, nas campanhas eleitorais.
É uma praga que prevalece desde as câmaras municipais até o Congresso Nacional, incluindo as Assembleias Legislativas – as exceções são cada vez mais raras.
O Executivo não fica atrás nessa prática que é custeada, no final das contas, pelo contribuinte brasileiro.
Repito, a propósito, um relato que me foi passado numa converasa informal, há cerca de 20 anos, por um contador que prestava seus serviços a cinco prefeituras de Alagoas.
Disse-me ele, na época, que o prefeito de um pequeno município do Agreste estava a se lamentar com seu colega do município vizinho sobre a dificuldade que era se manter com o subsídio de R$ 6.000,00 (seis mil reais).
O prefeito da cidade vizinha imediatamente fez uma proposta:
“Vamos fazer o seguinte: você fica com a parte política da prefeitura, eu indico pessoas para o seu setor administrativo-financeiro e lhe garanto R$ 40.000.00 (quarenta mil reais) todos os meses. Dá para resolver sua vida muito bem.”
O colega não aceitou e terminou o mandato com o subsídio de R$ 6 mil.
Isso foi há 20 anos passados. Dá para se imaginar hoje em dia, em tempos de “emendas Pix” e com muito mais facilidade do ponto de vista contábil e financeiro…