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Nova tática aumenta eficácia de ataque russo na Ucrânia – 08/01/2024 – Mundo

A Rússia lançou uma nova onda de ataques aéreos contra a Ucrânia nesta segunda (8), matando ao menos quatro pessoas e provando a eficácia de sua nova tática de emprego de mísseis e drones.

Como já havia ocorrido desde que abriu a campanha de inverno desse tipo de ação, no dia 29 de dezembro, as forças de Vladimir Putin usaram diversos tipos de armamentos de forma a saturar as defesas antiaéreas da Ucrânia, e optaram por alvejar regiões desprovidas de sistemas ocidentais mais avançados.

O resultado foi visto na contabilidade, usualmente inflada para o lado otimista, de Kiev. As Forças Armadas da Ucrânia disseram ter abatido todos os oito drones Shahed-136 de origem iraniana lançados e 18 de 24 mísseis de cruzeiro da família Kh-55/101, que voam a velocidades subsônicas.

Já 4 mísseis hipersônicos Kinjal, 8 Kh-22, 7 de sistemas S-400, 2 Kh-31 e 6 balísticos Iskander, todos voando a velocidades muito acima da do som, passaram incólumes e atingiram diversas regiões ucranianas.

A proporção de derrubada de mísseis e drones, 26 de 59, está bem abaixo da usualmente propagandeada por Kiev —um estudo com dados oficiais de outubro de 2022 a setembro de 2023 mostrava que 82% dos ataques aéreos russos eram interceptados pelos ucranianos. Aqueles dados mostravam um incremento no uso de drones ao longo do ano, poupando mísseis para a ação atual.

Mais importante é o aparente sucesso em usar drones e mísseis mais lentos para congestionar o trabalho de defesas aéreas, deixando caminho livre para armas mais velozes, potentes e destrutivas. A reportada destruição de uma bateria americana Patriot, no fim do ano, também pode ajudar a explicar a menor eficiência ucraniana.

Duas pessoas foram mortas no oeste do país, em Khmlnitskii, uma em Krivii Rih, cidade natal do presidente Volodimir Zelenski no centro-sul, e outra, ao sul de Kharkiv (nordeste). “O inimigo louco atacou civis de de novo”, afirmou o governador Serhii Lisak, da região de Krivii Rih, no Telegram. Os russos, como de costume, afirmaram ter mirado apenas alvos militares.

Tudo isso reforça os pedidos por mais defesas antiaéreas ocidentais, repetido há meses pelos ucranianos. No mais recente pacote de ajuda militar, divulgado em 27 de dezembro, os EUA forneceram mísseis para o sistema Nasams, mas não lançadores novos.

A Alemanha prometeu enviar outra bateria Patriot, similar àquela que teria sido destruída, segundo analistas militares, em Kiev em dezembro. Uma das armas do tipo mais capazes do arsenal ocidental, ela havia sido posicionada na capital para defender o centro de poder do país invadido há quase dois anos.

O problema agora é a falta de recursos. A Casa Branca anunciou que não tem mais dinheiro ou armas para enviar à Ucrânia, exceto que o Congresso desbloqueie a proposta de direcionar R$ 300 bilhões neste ano para Kiev.

A oposição republicana, de olho na disputa presidencial, alega que o pacote com essa ajuda e outra para Israel não contempla a crise migratória na fronteira mexicana, mas o problema é político: há fastio entre congressistas e na população com o apoio a Kiev na guerra, em especial após o fracasso da contraofensiva lançada por Zelenski em junho.

Os europeus vão na mesma toada, com o protelado pacote de R$ 250 bilhões para os ucranianos represado por pressão da Hungria, país cujo governo é simpático à Rússia, e outros entraves burocráticos.

A Alemanha, segunda maior doadora militar da Ucrânia após os EUA, está sendo pressionada a fornecer mísseis de cruzeiro de longo alcance Taurus, mas por ora Berlim se nega, sob a alegação que eles podem atingir o território russo e isso configuraria uma escalada.

Analistas apontam a estreia de mísseis balísticos norte-coreanos com até 900 km de alcance fornecidos aos russos no conflito, confirmada por destroços encontrados na semana passada, como motivo para deixar os pudores de lado.

O Kremlin, de seu lado, segue a nova fase da guerra visando castigar a Ucrânia durante o inverno, com ataques maciços como o desta segunda levando não só morte, mas também blecautes devido à destruição de infraestrutura energética.

Fonte: Folha de São Paulo

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