Várias personalidades do Irã, incluindo duas laureadas com o prêmio Nobel e um cineasta vencedor da Palma de Ouro em Cannes, pediram nesta segunda-feira (16) o “fim das hostilidades” e do “massacre de civis” entre Teerã e Tel Aviv.
O conflito começou na última sexta-feira (13), quando Israel lançou um ataque sem precedentes contra o Irã, e já deixou cerca de 250 mortos —24 no Estado judeu e 224 na República Islâmica, segundo autoridades de ambos os países.
O apelo, publicado no jornal francês Le Monde, foi assinado por sete figuras públicas do Irã —lista que inclui Shirin Ebadi e Narges Mohammadi, ativistas premiadas com o Nobel da Paz em 2003 e 2023, respectivamente, e os cineastas Jafar Panahi e Mohammad Rasoulof.
“Pedimos o fim imediato do enriquecimento de urânio por parte da República Islâmica, o fim das hostilidades militares, o fim dos ataques a infraestruturas vitais (…) e o fim de massacres de civis em ambos os países”, escreveram os signatários.
“Profundamente comprometidos com a integridade territorial do Irã e com o direito inalienável de seu povo à autodeterminação no âmbito de uma soberania genuína, acreditamos que o enriquecimento contínuo de urânio e a guerra devastadora entre a República Islâmica e o regime israelense não atendem aos interesses do povo iraniano nem aos da humanidade”, continuaram.
“Este conflito não só destrói infraestruturas e acaba com vidas civis, mas também constitui uma grave ameaça para os próprios fundamentos da civilização humana.”
Os signatários pediram ainda que a ONU e a comunidade internacional “pressionem a República Islâmica a cessar todas as atividades de enriquecimento de urânio, exijam que ambas as partes encerrem seus ataques militares à infraestrutura crítica e ponham fim imediato aos massacres de populações civis”.
No final de maio, a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica das Nações Unidas) afirmou em um relatório confidencial que o Irã acelerou o ritmo de produção de suas reservas de urânio enriquecido com 60% de pureza —nível próximo dos 90% necessários para produzir armas nucleares.
Na ocasião, Israel, 1 das 9 potências nucleares do mundo —e a única que não o admite—, afirmou que a comunidade internacional deveria agir para deter o Irã. Já Teerã, que diz querer dominar a tecnologia nuclear para fins pacíficos, afirmou que o relatório era “politicamente motivado”.