Particularmente, tenho restrições às pesquisas eleitorais, por vários motivos, mas reconheço que tal instrumento de avaliação do sentimento da população em relação ao seu voto é algo hoje em dia inerente a quem se propõe a disputar um mandato político.
O maior malefício da pesquisa ocorre quando ela é manipulada, de modo a atender aos interesses de quem a contratou com um único objetivo: induzir o cidadão a votar no candidato que, pelos dados que mostram as pesquisas, aparente ter maiores possibilidades de se eleger.
Tudo pelo afã de dizer, após o resultado: “não perdi meu voto”, algo bastante comum no povo brasileiro, que infelizmente se acostumou a cultuar a prática de levar vantagem em tudo.
Mal sabe ele que essa vantagem momentânea pode significar o comprometimento não só do seu futuro, como do município, do Estado, do país e inclusive da sua própria família.
Costumo citar, a propósito, um episódio relacionado a pesquisa eleitoral e do qual em tenho conhecimento por razões profissionais.
Ocorreu aqui mesmo em Alagoas, anos atrás, quando certo instituto bastante conhecido nacionalmente procurou o governador, que pretendia obter novo mandato, para lhe propor, colocá-lo em vantagem em relação ao seu principal adversário em quatro das cinco pesquisas que seriam realizadas antes da eleição e divulgadas numa publicação de circulação nacional.
“Mas a última, uma semana antes do pleito, não está incluída no pacote porque irá refletir a realidade do momento, para que nosso instituto não perca a credibilidade”, disse com a maior cara de pau ao governador o portador da proposta.
O governador não aceitou, até porque a pesquisa seria paga com recursos do Estado, mas a oferta foi feita ao seu concorrente, que não apenas aceitou como acabou sendo o eleito.
Esse episódio não é único, é apenas um dentre os vários que ocorrem no mercado sujo da manipulação de pesquisas e que novamente se repete Brasil afora e se amplia à medida que se aproxima a próxima eleição.
É nessa toada que a vida segue…