A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou nesta quarta-feira (4) que o prêmio Princesa de Astúrias concedido ao Museu de Antropologia mexicano é um “primeiro pequeno passo” rumo ao pedido de desculpas que este país latino-americano exige à Espanha pelos abusos durante a conquista do Império Asteca.
Essa reivindicação, rejeitada pela coroa espanhola, começou no governo do esquerdista Andrés Manuel López Obrador (2018-2024), aliado da atual presidente, e provocou atritos entre os dois países. “Vamos ver se eles começam a pensar em pedir perdão por aí”, disse Sheinbaum ao ser questionada sobre o tema em sua entrevista coletiva.
No contexto do conflito diplomático, a presidente recusou-se a convidar para sua posse, em outubro do ano passado, o rei Felipe 6º e convidou apenas o chefe de governo, o primeiro-ministro Pedro Sánchez. Em protesto, Madri decidiu não enviar um representante para a cerimônia.
“É um gesto da coroa espanhola reconhecer o Museu de Antropologia, deram um primeiro pequeno passo, espero que continuem nesse processo”, acrescentou Sheinbaum.
Em fevereiro, quando a morte de Cuauhtémoc, o último imperador asteca, completou 500 anos, a presidente reafirmou a exigência de um pedido de desculpas aos povos originários. “Os espanhóis têm que reconhecer essas atrocidades, e o perdão fortalece os povos, as nações e os governos, além de eliminar algo muito importante: o racismo”, declarou na ocasião.
O Museu Nacional de Antropologia, considerado um dos melhores do mundo, foi reconhecido com o prêmio Princesa de Astúrias da Concórdia por seu trabalho em “defesa e preservação” do patrimônio cultural mexicano.
A instituição foi premiada por ser herdeira “de uma longa tradição na defesa e preservação de uma parte essencial do patrimônio antropológico da humanidade que, ao mesmo tempo, expressa os traços de identidade de uma grande nação em que seu povo se reconhece”, afirmou o presidente da região das Astúrias, à frente do júri da categoria, Adrián Barbón, ao ler a ata da decisão.
Considerado um dos museus mais importantes da América Latina, o MNA é “uma referência global no estudo da humanidade”, destacou em um comunicado a Fundação Princesa das Astúrias, que concede a premiação anual.
O museu foi fundado em 1940, após a transferência de parte do acervo do então Museu Nacional de Arqueologia, História e Etnografia para o Castelo de Chapultepec e seu famoso edifício atual foi inaugurado em 1964.
As 20 salas do museu, cujo objetivo é divulgar as coleções arqueológicas e etnográficas mais importantes do México —com 30.000 metros quadrados dedicados à exposição—, receberam no ano passado um recorde de mais de três milhões de visitantes.