Um pequeno apartamento no centro de Zagreb, capital da Croácia, passou quase quatro décadas fechado. Enquanto gerações se sucediam, guerras vinham e iam, governos caíam e nasciam, e os vizinhos tocavam a vida criando filhos e netos, uma mulher permaneceu ali, silenciosa e esquecida. Foi somente em 2008 que o silêncio foi finalmente interrompido: Hedviga Golik foi encontrada morta dentro de casa, entre 35 e 42 anos depois de morrer.
Depois de tanto tempo com a casa fechada, vizinhos de prédio ficaram intrigados com o apartamento abandonado e decidiram descobrir o que havia lá. Ao arrombar a porta, depararam-se com uma cena perturbadora: sobre uma cama, os restos mumificados da mulher de meia-idade, como se tivesse adormecido e nunca mais despertado. A polícia foi imediatamente acionada. O nome da mulher só foi descoberto depois que checaram a caixa de correiro.
Hedviga era uma ex-enfermeira e morava sozinha. E, ao que tudo indica, também estava sozinha quando morreu. De acordo com especialistas, a morte ocorreu entre 1966 e 1973. Um vizinho diz que recorda ter visto a mulher pela última vez no início dos anos 1970. Mas, fora isso, nada. Nenhum boletim de ocorrência, nenhum parente à procura, nenhum alarme disparado.
Segundo os vizinhos, ela havia comentado sobre a possibilidade de se mudar para o exterior, o que fez com que os conhecidos não estranhassem o sumiço dela. De acordo com o Instituto Médico Legal da Croácia, a causa da morte provavelmente foi natural. Mas, após tantos anos, é impossível cravar uma resposta. O que mais intrigava, porém, era o estado de conservação do corpo, já que nenhum vizinho jamais relatou mau cheiro vindo do apartamento.
Uma hipótese levantada pela agência de notícias croata Jutarnji é de que fatores ambientais, como o inverno rigoroso e janelas entreabertas, teriam contribuído para o processo de mumificação, abafando os sinais típicos da decomposição. Após certo tempo, o odor de um cadáver tende a cessar. E no caso de Golik, o corpo parecia ter simplesmente secado com o passar dos anos, imóvel sobre os lençóis.
Passado o choque inicial, começou uma disputa pelo apartamento. Como os imóveis na época de sua morte pertenciam ao Estado, a residência de Golik tornou-se objeto de cobiça entre os vizinhos.