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México: Abstenção faz oposição contestar eleição de juízes – 03/06/2025 – Mundo

Pela primeira vez, os mexicanos foram às urnas no último domingo (1º) para escolher seu novo Judiciário, após anos de debates e uma reforma polêmica do sistema. Mas a baixa participação de eleitores —em torno de 13%, segundo o INE (Instituto Nacional Eleitoral)— fez a oposição ao governo de Claudia Sheinbaum questionar a legitimidade do processo.

Os eleitores escolheram 2.681 cargos públicos federais, incluindo nove ministros da Suprema Corte. O INE informou que a abertura das seções eleitorais foi quase totalmente bem-sucedida, com poucas ocorrências e falhas.

Apenas por comparação, nas eleições das quais Sheinbaum saiu vitoriosa, em 2024, a participação de eleitores foi de 60% —e na época já foi apontada como mais baixa do que em outras eleições presidenciais. Em contraste, nas eleições de 1994 e 2000, a participação atingiu picos de 77,2% e 64%, respectivamente, enquanto as eleições de 2012 e 2018 tiveram uma participação superior a 63%.

Até o começo da tarde desta terça-feira (3), o órgão havia registrado que 93,5% dos votos para os cargos da Suprema Corte já haviam sido apurados. Por enquanto, o defensor dos direitos indígenas Hugo Aguilar lidera a disputa pela presidência do Supremo, com cerca de 5,15 milhões de votos (5,22%). Lenia Batres, aliada próxima do partido governista Morena, tem 4,89 milhões de votos, ou 4,96%.

No entanto, a expectativa é que todos os resultados sejam divulgados em conjunto até o próximo dia 12 de junho.

Em sua primeira aparição pública após deixar a Presidência no ano passado, Andrés Manuel López Obrador participou do exercício eleitoral que é fruto da reforma promovida por ele. “Nunca, na história do nosso país, o povo, diretamente, decidiu e teve o direito de eleger juízes, magistrados, ministros do Judiciário. É a primeira vez na história, por isso quis participar desta eleição histórica”, afirmou AMLO.

Já Sheinbaum qualificou a eleição de um “sucesso histórico”. Em uma mensagem gravada na noite de domingo, ela agradeceu aos cerca de 13 milhões de eleitores (de um total de quase 100 milhões a ptos para votar) que participaram do processo.

“Livremente, milhões de mexicanos votaram nos novos guardiões da justiça”, disse a presidente em uma mensagem de vídeo gravada na sede do governo, na Cidade do México. A eleição popular de ministros, magistrados e juízes, ressaltou, representa “uma mudança estrutural para expurgar um sistema judicial que, segundo ela, tem sido marcado pela corrupção, nepotismo e cumplicidade com o crime organizado”.

Ao contrário das eleições tradicionais, os partidos políticos não puderam participar do pleito ou apoiar os candidatos publicamente; quem tentava uma vaga também teve de financiar a própria campanha. Para 2027 está prevista uma segunda eleição para cargos do Judiciário.

As medidas, de acordo com o governo, tinham por objetivo garantir uma independência do pleito, mas a oposição e entidades críticas à reforma de AMLO já apontavam o risco de apatia e desinformação, o que poderia levar a uma baixa participação, como ocorreu.

Nesta segunda-feira (2), Sheinbaum respondeu às críticas de oposicionistas, como o presidente do PAN, Jorge Romero Herrera, e o líder do PRI, Alejandro Moreno Cárdenas.

Em uma publicação no X, Herrera descreveu o dia como uma “eleição da fraude judicial” e afirmou que faltou legitimidade e participação cidadã: “A evidência é clara: nem mesmo 10% do registro votou”, escreveu.

“Ele deve ter ido para a cama cedo, mais de 10% votaram”, ela rebateu na edição mais recente de “Las Mañaneras del Pueblo”, programa matutino em que a presidente dá informes de seu governo.

Ela também criticou os pedidos da oposição para que os eleitores não comparecessem às urnas e afirmou que o novo Judiciário irá responder aos mexicanos e não à Presidência.

Moreno Cárdenas também tinha criticado o pleito no X, classificando-o como “montagem grotesca” que promove a divisão de poderes e que está destruindo a democracia.

Sheinbaum, então, comparou o número de participantes com os votos recebidos pelos partidos de oposição na eleição presidencial de 2024, vencida por ela. “Votaram menos neles do que no Judiciário, por isso estão preocupados.”

Ela ponderou que a votação deste ano servirá de exercício para que o conselho eleitoral veja pontos que podem ser melhorados para 2027, como uma redução no número de cédulas que o eleitor precisa depositar nas urnas.

Respondendo a uma pergunta de um jornalista, a presidente também classificou como positivo o seu primeiro ano no cargo. “Estamos muito bem, não aconteceu nada de ruim com o peso [mexicano, a moeda do país], recorde de investimentos estrangeiros diretos, o maior nível salarial dos últimos 40 anos, o nível mais baixo de pobreza, apesar das circunstâncias internacionais.”

Fonte: Folha de São Paulo

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