A jovem Marcela Valentina de Souza, de 20 anos, mulher trans encontrada morta em uma calçada no bairro Jatiúca, foi assassinada a golpes de marreta para não expor um relacionamento extraconjugal que mantinha com o mandante do crime. A informação foi divulgada nesta terça-feira (17) pelo delegado Eduardo Guerra, que investiga o caso.
Segundo o delegado, Marcela teria ameaçado contar sobre o caso para a família do homem, que encontrou como solução mandar matar a amante. Conforme a polícia, mandante e executor do crime trabalhavam juntos em um canteiro de obra, no mesmo bairro em que Marcela foi assassinada.
“Ele contratou o executor, fez uma proposta no sentido de que o executor realizasse o homicídio. Dessa maneira, o mandante atraiu a vítima através de uma ligação telefônica por WhatsApp, para que a vítima se dirigisse até o local onde ele estava, uma obra. A vítima, ao chegar nesse local, foi surpreendida pelo executor, que a recebeu, pediu para que ela entrasse no local e disse que o mandante estaria aguardando a Marcela. Então, ela inocentemente entrou e foi aí que o executor, através de um instrumento, uma marreta de demolição, acabou desferindo dois ou três golpes na cabeça dela”, detalhou o delegado.
A polícia chegou à conclusão após ouvir testemunhas e levantar informações a partir do Núcleo de Inteligência da corporação.
“Ela caiu, ficou inconsciente, ele disse que ela ainda respirava, mas não teve coragem suficiente para desferir, digamos assim, o golpe fatal. Decidiu então colocá-la no carrinho e colocou uma lona, de modo a cobrir o corpo. Se dirigiu, fez o trajeto que é filmado pelas câmeras que foram compartilhadas na imprensa e na internet, e aí ele se dirige até a escola Rosalvo Lobo, onde desova, por assim dizer, o corpo da vítima”, acrescenta o delegado sobre o dia do crime.
A morte da mulher trans, segundo a polícia, foi combinada em R$ 10 mil e o executor chegou a receber R$ 5 mil de adiantamento.
“É preciso dizer que ele aceitou um pagamento, na verdade ele acordou junto com o mandante o pagamento de 10 mil reais, esse valor seria pago de maneira fracionada, 5 mil reais antes da execução da vítima, 5 mil reais depois. Segundo o executor, todo o planejamento partiu por parte do mandante, questão do local, do instrumento, e o executor ficaria responsável por planejar apenas a questão da desova. Após realizado o homicídio, eles entraram em contato para que fosse acertado o pagamento final, os R$ 5 mil”, disse Guerra.
Mandante e executor teriam deixado de manter contato depois que imagens de câmeras de seguranças começaram a circular na imprensa com registro da mulher sendo carregada em um carro-de-mão.
“O executor disse que eles encerraram o vínculo ali com receio de que se chegasse a identificação deles. A equipe teve um trabalho árduo, no sentido de tentar entender a motivação, qualificar e identificar essas pessoas”, complementou o delegado.
Marcela foi encontrada morta com marcas de violência na manhã do último 04 de maio, na calçada da Escola Estadual Rosalvo Lobo, no bairro da Jatiúca, em Maceió, em uma área usada pela comunidade para descarte irregular de lixo.
Moradora de Caruaru, em Pernambuco, a jovem era uma mulher trans e natural do Tocantins. O assassino confesso da mulher trans foi preso nessa segunda-feira (16) e confirmou que um homem preso anteriormente foi o mandante do crime.