spot_img
HomeMundoMais uma mulher libertária presa injustamente - 29/06/2025 - Bianca Santana

Mais uma mulher libertária presa injustamente – 29/06/2025 – Bianca Santana

“Chamado à solidariedade e pressão para garantir a libertação de Saadia Mosbah e de todas as defensoras e defensores de direitos humanos na Tunísia“. Este era o assunto da mensagem que recebi no último 7 de maio, na lista de emails da Unarc (Coalizão Antirracismo da ONU).

Saadia Mosbah é uma ativista tunisiana reconhecida internacionalmente pela luta contra o racismo e em defesa dos direitos das pessoas migrantes em seu país.

Em 7 de maio de 2024, ela foi presa como parte da investigação das ações da Associação Mnemty, presidida por ela, acusada, sem provas, de lavagem de dinheiro e financiamento estrangeiro ilegal.

Relatórios da Anistia Internacional e da Human Rights Watch denunciam a prisão arbitrária de Saadia como uma ofensiva autoritária da Tunísia contra ativistas e defensores de direitos humanos.

Na data em que se completava um ano da prisão de Saadia, o email endereçado “a todas as pessoas que lutam por justiça e se recusam a aceitar o silêncio ou a vergonha, a todas as vozes que se erguem pela dignidade e contra a injustiça”, compartilhava uma nota contextualizando como movimentos feministas, antirracistas e de justiça social têm sido perseguidos na Tunísia.

Depois de ler relatórios internacionais sobre o caso, escrevi para Zied Rouine, atualmente responsável pela Associação Mnemty, perguntando mais detalhes.

Zied me contou que, desde abril de 2024, a sede da associação foi alvo de buscas, com apreensão de documentos e equipamentos eletrônicos. Ativistas e ex-integrantes da equipe foram interrogados. E mesmo sem julgamento nem sentença, Saadia continua na prisão.

“Em resposta, a associação optou por respeitar os trâmites legais e evitar polêmicas na mídia, demonstrando sua confiança no sistema judicial. No entanto, os atrasos e obstáculos contínuos neste caso não podem ser interpretados como legítimos —eles expõem, na verdade, um sistema punitivo que mina o direito fundamental a um julgamento justo, inclusive para Saadia Mosbah”, afirma a nota da associação.

A prisão de Saadia foi acompanhada de uma campanha difamatória sobre ela nas redes sociais, denunciada pelas organizações internacionais e tunisianas de direitos humanos.

“Apesar da total transparência da Mnemty e da cooperação com as autoridades competentes —incluindo a entrega de todos os relatórios morais e financeiros exigidos por lei— auditorias independentes confirmaram que o orçamento da associação era mínimo em relação à escala de seu trabalho humanitário e de direitos humanos ao longo de uma década. Ainda assim, Saadia Mosbah permanece detida sem provas, em flagrante violação da presunção de inocência e como parte de um ataque direto a uma defensora comprometida dos direitos humanos.”

A prisão injusta de mulheres que lutam por direitos igualitários e contra a violência de gênero e raça tem se multiplicado à medida em que o engajamento por essas bandeiras também se multiplica. Há um incômodo crescente do autoritarismo com movimentos feministas ao redor do mundo.

Solidariedade a quem luta por uma Tunísia livre, justa e antirracista. Saadia Mosbah não será esquecida.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Fonte: Folha de São Paulo

RELATED ARTICLES

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

- Advertisment -spot_img

Outras Notícias