Um juiz federal bloqueou temporariamente nesta terça-feira (27) os esforços do governo de Donald Trump para forçar Nova York a acabar com o pedágio urbano, garantindo que o programa permaneça em vigor pelo menos até o início do mês que vem.
O juiz Lewis Liman realizou a audiência apenas um dia antes da potencial data de início da retenção de aprovações do governo federal, de acordo com um aviso anterior do secretário de transportes dos EUA, Sean Duffy.
A governadora de Nova York, Kathy Hochul, disse que a decisão “é uma grande vitória para os passageiros de Nova York, reivindicando nosso direito como Estado de tomar decisões sobre o que é melhor para nossas ruas. Os nova-iorquinos merecem controlar nossos próprios padrões de tráfego, manter o engarrafamento fora de nossas ruas e proteger nosso ar limpo”.
O executivo-chefe da Autoridade de Transporte Metropolitano (MTA), Janno Lieber, disse após a audiência que a ordem do juiz se estenderá até 9 de junho. Liman, disse Lieber, “não quer mais ameaças coercitivas” por parte do governo Trump e quer um cronograma rápido para resolver o processo. Um porta-voz do departamento de Trânsito não quis comentar.
Nova York lançou seu primeiro programa no país em janeiro, cobrando da maioria dos veículos de passageiros um pedágio de US$ 9 (R$ 50) durante os períodos de pico para entrar em Manhattan, em uma tentativa de reduzir o congestionamento e arrecadar fundos para melhorar o transporte de massa.
O estado e a cidade de Nova York, juntamente com a MTA, buscaram uma ordem para impedir que o governo Trump tomasse medidas para barrar o programa de preços de congestionamento de Manhattan.
Em abril, o secretário nacional disse a Hochul que o departamento poderia reter as aprovações ambientais ou o financiamento do projeto a partir de 28 de maio se o estado não encerrasse a cobrança do pedágio, o que ele se recusou a fazer.
Nova York citou a postagem do presidente Trump nas mídias sociais em fevereiro, que elogiou seu próprio esforço para acabar com o pedágio com a frase: “LONG LIVE THE KING!” (Vida longa ao rei). A Casa Branca publicou nas mídias sociais uma montagem dele usando uma coroa.
Trump se comparou a um monarca, o que, segundo Nova York, levantou dúvidas sobre a legitimidade da medida. O MTA disse que a decisão foi tomada “por razões flagrantemente políticas” —para cumprir uma promessa de campanha de Trump.
A cidade de Nova York afirma que o programa reduziu drasticamente o congestionamento, com cerca de 5,8 milhões de carros a menos do que o esperado na zona de congestionamento entre janeiro e março, ou uma redução de 8% a 13%.
Os dados também mostram uma redução de 12% no tráfego em abril, e os tempos de viagem para atravessar Manhattan melhoraram drasticamente, segundo a cidade, enquanto as estadias em hotéis, os gastos no varejo e o tráfego de pedestres aumentaram.
Hochul afirmou que os fundos arrecadados com o programa sustentariam US$ 15 bilhões (R$ 84,6 bilhões) em financiamento de dívidas para melhorias de capital em transportes públicos essenciais.
O departamento de trânsito, sob o comando do ex-presidente democrata Joe Biden, aprovou o programa de pedágio em novembro, que é monitorado por meio de leitores eletrônicos de placas de veículos. A aprovação federal é necessária porque a iniciativa envolve pedágios também em rodovias federais.
