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JFK: Filme 8 mm que mostra instante após tiro ressurge – 05/09/2024 – Mundo

Mais de 60 anos atrás, Dale Carpenter se dirigiu à avenida Lemmon, em Dallas, com a esperança de filmar John F. Kennedy em uma carreata. Mas o veículo do então presidente dos Estados Unidos já tinha passado, e ele acabou só consequindo gravar parte da procissão.

Ele então correu para a rodovia Stemmons, alguns quilômetros à frente, para tentar novamente. Lá, ele registrou o caos que sucedeu o ataque a tiros contra Kennedy. O conversível do presidente acelerando. Um agente do Serviço Secreto em pé no banco de trás. Jackie Kennedy, pouco mais do que um borrão vestindo um terninho rosa da Chanel.

O próprio Kennedy não podia ser visto. Ele tinha caído e estava à beira da morte.

Por décadas, os fragmentos de 8 mm de Carpenter mostrando o que aconteceu em Dallas em 22 de novembro de 1963 foram um tesouro de família. Quando ele morreu, em 1991, aos 77 anos, o rolo, que incluía imagens da festa de aniversário de seus filhos gêmeos, passou para sua esposa, Mabel, depois para sua filha, Diana, e finalmente para seu neto, James Gates.

A filmagem do assassinato será leiloada em Boston no dia 28 deste mês. A sequência é a imagem mais recente do episódio a vir à tona após décadas de relativa obscuridade.

A casa de leilões responsável pela venda, RR Auction, afirma que esta é a única filmagem de que se tem conhecimento que mostra o veículo do presidente indo da praça Dealey, o local do tiroteio, ao hospital Parkland Memorial, onde Kennedy foi declarado morto às 13h.

As imagens do atentado em si foram capturadas por outro espectador do incidente, Abraham Zapruder. O registro de Carpenter mostra o que aconteceu antes e depois das filmagens de Zapruder. A primeira parte é uma cena prosaica do cortejo presidencial; a segunda, uma corrida por ajuda imbuída de toda a incerteza que permeava os momentos após os tiros.

Embora o filme de Carpenter, que tem pouco mais de um minuto de duração, não contenha nada que possa influenciar o debate sobre a morte de Kennedy, vários especialistas dizem que ele não deixa de ser um acréscimo importante ao mosaico de imagens sobre aquele dia em Dallas.

A casa de leilões disse que os lances no dia 28 de setembro começarão em US$ 5.000 (cerca de R$ 28 mil na conversão atual), mas que estima que o filme tenha um valor superior a US$ 100 mil (R$ 560,4 mil).

Ainda de acordo com a RR Auction, só algumas pessoas de fora da família de Carpenter viu as imagens. Entre elas estão o jornalista Gerald Posner, autor de of “Case Closed: Lee Harvey Oswald and the Assassination of JFK”, ou caso encerrado, Lee Harvey Oswald e o Assassinato de JFK; Mark S. Zaid, um advogado que tambémn escreveu sobre o atentado; e Clint Hill, agente do Serviço Secreto que subiu no porta-malas do carro do presidente após o primeiro tiro ser disparado. Os três defendem que as imagens são autênticas.

Hill disse que, nos momentos filmados por Carpenter após o ataque, o presidente estava deitado no banco traseiro com a cabeça no colo de Jackie. Hill aparece em uma posição que visava a protegê-los, com um pé dentro do carro e outro fora, enquanto o veículo corria em direção ao hospital.

A viagem pareceu “uma eternidade”, comenta Hill por telefone. “Cada segundo contava.”

Stephen Fagin, curador de um museu sobre o episódio situado no local de onde o assassino de Kennedy, Lee Harvey Oswald, atirou contra ele, o sexto andar de um prédio que funcionava como depósito de livros escolares do Texas, define as imagens daquele dia como “a janela através da qual entendemos o momento do assassinato e suas consequências”.

A instituição, chamada Sixth Floor Museum, criou um mapa exibindo a rota do cortejo e os registros que fotógrafos e videografistas profissionais e amadores fizeram dele.

Carpenter morava em Irving, Texas, cerca de 20 km a noroeste de Dallas, e tinha um trabalho executivo em uma empresa de concreto. Dois de seus filhos afirmaram que ele não nutria um interesse especial por Kennedy, mas foi atraído à carreata em razão do pompa da visita presidencial.

Ele guardou o filme que havia gravado em uma lata de metal redonda rotulada como “assassinato de JFK”. Membros da família disseram não ter certeza se ele chegou a falar sobre o filme com as autoridades.

Fonte: Folha de São Paulo

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