Israel ordenou nesta quinta-feira (21) que os residentes se retirem de grande parte da principal cidade do sul da Faixa de Gaza, enquanto prosseguem os esforços para alcançar uma trégua no território palestino. A área representa quase 20% da cidade de Khan Yunis, informou o Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU.
A região tinha 111 mil habitantes antes do início dos combates, em 7 de outubro, e agora inclui 32 abrigos com mais de 141 mil deslocados internos, a maioria pessoas que precisaram abandonar o norte de Gaza. Nesta segunda (18), o Exército israelense havia anunciado a intensificação das operações em Khan Yunis.
Segundo o Hamas, nas últimas 24 horas os ataques israelenses contra casas e mesquitas mataram pelo menos 12 pessoas ao leste de Khan Yunis.
A Faixa de Gaza está sem energia elétrica devido ao bloqueio total imposto por Israel. Muitos moradores contam apenas com rádios que funcionam com pilhas e com a informações que circulam entre a população para obter novidades.
Na cidade de Rafah, também ao sul, bombardeada por Israel, os moradores depositam esperanças nas negociações para uma trégua. “Desejo um cessar-fogo completo, o fim das mortes e do sofrimento. São mais de 75 dias”, disse Kassem Shurrab, de 25 anos.
A possibilidade de uma trégua entre Israel e Hamas, e da libertação de reféns, aumentou esta semana com a visita do líder do movimento islamita, Ismail Haniyeh, ao Egito e com negociações na Europa.
Haniyeh, que mora no Qatar, chegou nesta quarta-feira (20) ao Cairo para uma reunião com o diretor da inteligência egípcia, Abas Kamel.
Um informante do Hamas declarou à agência de notícias AFP que “o cessar-fogo total e a retirada do Exército de ocupação israelense são condições para qualquer negociação séria de troca de reféns por prisioneiros”.
Porém, o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, insistiu que não haverá cessar-fogo antes da eliminação do Hamas.
Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, admitiu que não há expectativas na questão de troca de prisioneiros.
David Barnea, chefe do serviço de inteligência israelense, o Mossad, afirmou que teve uma reunião positiva esta semana em Varsóvia com o diretor da CIA, Bill Burns, e com o primeiro-ministro do Qatar, Mohamed bin Abdulrahman Al Thani.
O país do Oriente Médio, com o apoio do Egito e dos Estados Unidos, atuou como o mediador da trégua de uma semana no fim de novembro que permitiu a libertação de 80 reféns israelenses em troca de 240 prisioneiros palestinos.
De acordo com o Hamas, as operações militares israelenses já deixaram 20 mil mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra, incluindo ao menos 8.000 menores de idade e 6.200 mulheres.
O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, chamou o número de “trágico e vergonhoso”.