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Israel matou centenas em centros de ajuda, diz ONU – 24/06/2025 – Mundo

O Exército de Israel matou pelo menos 410 palestinos que tentavam conseguir comida nos centros de ajuda instalados há um mês no sul da Faixa de Gaza com o apoio de Tel Aviv e Washington, afirmou nesta terça-feira (24) o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH).

O número de mortos foi informado por autoridades de saúde palestinas e outras fontes, incluindo organizações não governamentais, e está em processo de verificação pelo escritório. Devido às restrições impostas por Tel Aviv no território palestino, a imprensa internacional não consegue verificar as informações.

“O mecanismo militarizado de assistência humanitária de Israel está em contradição com os padrões internacionais de distribuição de ajuda”, afirmou o porta-voz da entidade, Thameen Al-Keetan, sobre a recém-criada FHG (Fundação Humanitária de Gaza). “A transformação de alimentos para civis em armas, além de restringir ou impedir seu acesso a serviços essenciais à vida, constitui um crime de guerra.”

No domingo (22), durante visita a Gaza, o chefe do escritório de ajuda humanitária da ONU (Ocha) na Palestina, Jonathan Whittall, afirmou que testemunha uma carnificina no território. “É fome transformada em arma. É deslocamento forçado. É uma sentença de morte para pessoas que apenas tentam sobreviver. Tudo combinado, parece ser o apagamento da vida palestina em Gaza.”

Ele disse ainda que mortes perto dos centros de distribuição seguem um padrão e afirmou ter conhecido alguns dos feridos nessas circunstâncias em uma visita ao hospital Nasser —um dos poucos que operam no território atualmente devido aos bombardeios contra centros de saúde e à escassez de suprimentos.

Nesta terça (24), o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Bassal, afirmou à agência de notícias AFP que 21 pessoas morreram e 150 ficaram feridas pelos “disparos das forças de ocupação israelenses contra pessoas reunidas para aguardar por ajuda”. Segundo Bassal, as vítimas foram levadas para um hospital próximo ao local, em uma rodovia no centro da Faixa de Gaza, onde as forças israelenses também dispararam “balas e projéteis de tanques”.

O Exército israelense não fez nenhum comentário até o momento sobre a denúncia da ONU. Em outras ocasiões, Tel Aviv disse que suas tropas dispararam contra suspeitos que não respeitaram “tiros de advertência”.

A FHG começou a distribuir alimentos para os palestinos no fim de maio, quando já enfrentava críticas a respeito de seus procedimentos. Às vésperas do início da operação, o próprio chefe da fundação naquele momento, Jake Wood, abandonou o cargo sob a justificativa de que a organização não conseguiria aderir aos “princípios humanitários de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência”.

O grupo privado atua com apenas quatro pontos de distribuição no sul de Gaza —quantidade considerada insuficiente para a escassez no território, que ficou sob bloqueio total de Tel Aviv durante quase três meses este ano. Com o sistema de distribuição anterior, coordenado pela ONU, havia cerca de 400 pontos.

O caos na entrega de alimentos foi previsto pela ONU e por outras entidades que atuam no território palestino e que se recusaram a colaborar com o órgão devido ao seu modo de funcionamento, considerado pouco transparente.

Segundo autoridades israelenses, a fundação vai verificar se as famílias atendidas têm envolvimento com o grupo terrorista Hamas antes de distribuir a comida. Resoluções da Assembleia-Geral da ONU, no entanto, determinam que a ajuda deve se guiar apenas pela necessidade das pessoas afetadas, sem qualquer distinção religiosa, política ou ideológica, e deve ser supervisionada por uma parte neutra.

O diretor da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, afirmou nesta terça que o sistema é “uma armadilha mortal que custa mais vidas do que salva”.

O conflito já matou quase 56 mil palestinos —mais de 2% da população—, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Fonte: Folha de São Paulo

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