Delegações de Israel e do grupo terrorista Hamas se reúnem neste domingo (6) no Qatar para negociar um possível cessar-fogo na Faixa de Gaza, que deve incluir um acordo de libertação de reféns, na véspera de uma reunião em Washington entre o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e o presidente americano, Donald Trump
A pressão pública sobre Netanyahu para garantir um cessar-fogo permanente e acabar com a guerra em Gaza tem aumentado dentro e fora de Israel. Internamente, a medida é contestada por alguns membros de sua coalizão de direita; outros, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, manifestaram seu apoio.
O grupo Hamas disse na sexta-feira (4) que respondeu a uma proposta de cessar-fogo em Gaza apoiada pelos EUA com “espírito positivo”, poucos dias depois de Trump dizer que Israel havia concordado com “as condições necessárias” para uma trégua de 60 dias.
Mas, em um sinal dos desafios potenciais que ainda enfrentam os dois lados, um funcionário palestino de um grupo aliado ao Hamas disse que ainda há preocupações com a ajuda humanitária, a passagem pela fronteira de Rafah, no sul de Israel, para o Egito e a clareza sobre um cronograma para a retirada das tropas israelenses.
O gabinete de Netanyahu também disse em um comunicado que as mudanças solicitadas pelo Hamas à proposta de cessar-fogo “não são aceitáveis para Israel”. No entanto, seu gabinete disse que a delegação ainda voaria ao Qatar para “continuar os esforços para garantir o retorno de nossos reféns com base na proposta do Qatar que Israel concordou”.
A delegação do Hamas, liderada por Khalil al Hayya, já está na capital do Qatar, Doha, segundo uma fonte próxima às negociações afirmou à agência de notícias AFP.
Netanyahu, que deve se reunir com Trump nesta segunda-feira (7), disse repetidamente que o Hamas deve ser desarmado, uma exigência que o grupo militante se recusou a discutir até agora.
No sábado à noite, multidões se reuniram em uma praça pública em Tel Aviv, perto da sede do Ministério da Defesa, para pedir um acordo de cessar-fogo e o retorno de cerca de 50 reféns ainda mantidos em Gaza. Os manifestantes agitaram bandeiras israelenses, cantaram e carregaram cartazes com fotos dos reféns.
Alguns familiares dos reféns mantidos em Gaza que se juntaram aos protestos disseram estar preocupados com a possibilidade de o acordo não garantir o retorno imediato de todos os reféns.
“Acho que, infelizmente, será um acordo parcial, mas o que o primeiro-ministro Netanyahu e toda a equipe continuam dizendo é que não é um acordo parcial”, disse Dalia Cusnir, cunhada de um dos reféns. “Estamos com medo, mas entendemos que, se é isso que temos e é assim que podemos salvar vidas, vamos aceitar, ter esperança e continuar trabalhando para que todos os reféns voltem”, acrescentou.
O mais recente conflito direto entre Israel e a Palestina, que já dura décadas, foi desencadeado em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou o sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns, de acordo com dados israelenses.
O Ministério da Saúde de Gaza afirma que o ataque militar retaliatório de Israel à Faixa de Gaza já matou mais de 57 mil palestinos. Também causou uma crise de fome, deslocou a população, principalmente dentro de Gaza, e deixou o território em ruínas.
Acredita-se que cerca de 20 dos reféns restantes ainda estejam vivos. A maioria dos reféns originais foi libertada por meio de negociações diplomáticas e, além disso, as forças armadas israelenses também recuperaram alguns.