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Israel: Deputados rejeitam dissolver o Parlamento – 11/06/2025 – Mundo

Para alívio do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, cada vez mais pressionado dentro e fora de Israel, deputados do país rejeitaram nesta quarta-feira (11) uma proposta preliminar para dissolver o Knesset, como o Parlamento israelense é conhecido, o que poderia abrir caminho para eleições antecipadas.

A proposta, apresentada pela oposição ao governo, recebeu 62 votos contrários e 51 a favor. As próximas eleições legislativas em Israel estão marcadas para outubro de 2026.

O resultado desta quarta ameniza a pressão sobre Netanyahu, ao menos de forma temporária. Pesquisas mostram que a coalizão do premiê perderia se o pleito fosse hoje, com muitos eleitores insatisfeitos com a condução do conflito com o grupo terrorista Hamas desde que Israel foi atacado em outubro de 2023.

O gatilho para a votação do texto foi a tramitação de um projeto de lei que pretende acabar com a isenção do alistamento militar obrigatório para os judeus ultraortodoxos. A coalizão de Netanyahu, cujo governo é o mais à direita da história de Israel, conta com o apoio de legendas que representam esse grupo.

O serviço militar é uma obrigação para a maioria dos cidadãos judeus de Israel. Homens devem servir quase três anos no Exército, e mulheres, dois. Mas os ultraortodoxos, que representam cerca de 13% da população, tradicionalmente recebem isenções se estiverem estudando em seminários religiosos.

Com a guerra em Gaza ainda em curso, esse tratamento diferenciado ficou ainda mais polêmico, já que o país vive sua maior mobilização militar desde 1973. Após o ataque do Hamas em outubro de 2023, o governo israelense convocou 360 mil reservistas, e muitos deles vêm cumprindo repetidas rodadas de serviço que somam centenas de dias. O desgaste é tão grande que alguns estão se recusando a continuar servindo, e o Exército recorreu até às redes sociais para aumentar o contingente.

Netanyahu evitou comentar o tema nos últimos meses. Com frequência, ele aponta a guerra na Faixa de Gaza como um motivo pelo qual Israel precisa formar uma frente unida contra seus inimigos.

Historicamente, a isenção aos religiosos remonta à fundação de Israel, em 1948, quando grupos foram liberados do serviço como forma de preservar o estudo religioso após a devastação do Holocausto.

No entanto, com o aumento populacional dos ultraortodoxos e com o fortalecimento político dos partidos religiosos, o número de isentos explodiu. Estima-se que cerca de 13 mil homens ultraortodoxos alcancem a idade de alistamento anualmente, mas menos de 10% se alistam, segundo dados do Comitê de Controle do Estado no Parlamento mencionados pela agência de notícias Associated Press.

A Suprema Corte israelense declarou as isenções ilegais em 2017, mas o governo, com Netanyahu à frente, vem prorrogando a situação com sucessivos adiamentos. Ele é o primeiro-ministro mais longevo de Israel. Somados seus três períodos à frente do país (1996-1999, 2009-2021 e desde 2022), já são 17 anos.

O United Torah Judaism, um dos dois partidos ultraortodoxos da coalizão com sete assentos no Parlamento, disse antes da votação desta quarta que votaria pela dissolução caso não conseguisse apoio do governo para aprovar uma medida que dispensasse ultraortodoxos do serviço militar.

O Shas, com 11 assentos no Parlamento, é outro partido ultraortodoxo na coalizão de Netanyahu.

Netanyahu, nesse sentido, encontrou-se numa sinuca de bico. Vetar a medida significaria arriscar uma saída dos legisladores ultraortodoxos da coalizão, enquanto aprová-la poderia desencadear protestos dos outros partidos. Ao mesmo tempo, o premiê precisa manter a base unida no momento atual de crise.

Bibi, como Netanyahu é conhecido, tem enfrentado críticas por não ter conseguido impedir as ações terroristas do Hamas em outubro de 2023 e está sob pressão de manifestantes e familiares de reféns ainda mantidos em Gaza para encerrar a guerra e garantir a libertação dos israelenses.

O premiê também passou a receber críticas até de aliados internacionais que exigem um cessar-fogo urgente em Gaza. A pressão aumentou após Tel Aviv impor um bloqueio de 11 semanas à entrada de suprimentos na faixa sob a justificativa de que o Hamas estava apreendendo as entregas para seus combatentes. A medida agravou a catástrofe humanitária no território.

Fonte: Folha de São Paulo

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