O governo de Israel aprovou a construção de 22 novos assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada, segundo anúncio do ministro das Finanças feito nesta quinta-feira (29). Segundo a mídia israelense, é uma das maiores expansões de Tel Aviv no território palestino em décadas. A medida foi condenada pela Autoridade Palestina e pelo Hamas, intensifica a tensão regional e amplia o isolamento diplomático de Israel, com aliados ocidentais ameaçando impor sanções.
Bezalel Smotrich, ministro das Finanças e ultranacionalista que defende a soberania israelense sobre a Cisjordânia, escreveu na plataforma X que os assentamentos seriam construídos no norte da região, sem especificar os locais exatos.
A mídia israelense citou o Ministério da Defesa dizendo que, entre os novos assentamentos, alguns “postos avançados” existentes seriam legalizados, e outros novos seriam erguidos.
Um porta-voz do titular da Defesa, Israel Katz, não respondeu a uma mensagem de texto solicitando comentários sobre o anúncio.
A Autoridade Palestina, apoiada pelo Ocidente e que exerce governo limitado na Cisjordânia, assim como o Hamas, cuja base é Gaza mas com presença no outro território palestino, condenaram a decisão.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente palestino Mahmoud Abbas, chamou a medida de “escalada perigosa” e acusou Israel de continuar arrastando a região para um “ciclo de violência e instabilidade”.
“Este governo israelense extremista está tentando por todos os meios impedir a criação de um Estado palestino independente”, disse ele à Reuters, apelando ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que intervenha.
Os palestinos consideram a expansão dos assentamentos um obstáculo para suas aspirações de criar um Estado independente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental ocupada.
Uma lista crescente de países europeus vem exigindo que Israel encerre a guerra em Gaza, enquanto Reino Unido, França e Canadá advertiram neste mês que poderiam impor sanções direcionadas se Israel continuasse expandindo os assentamentos. A maior parte da comunidade internacional considera os assentamentos ilegais.
A organização israelense de direitos humanos B’Tselem acusou o governo Netanyahu de promover “supremacia judaica por meio do roubo de terras palestinas e da limpeza étnica da Cisjordânia”. Em comunicado, a entidade também criticou a comunidade internacional por “permitir os crimes de Israel”.
A organização Rompendo o Silêncio (Breaking the Silence), formada por veteranos das Forças de Defesa de Israel, afirmou que a expansão dos assentamentos é movida por uma ideologia extremista, que apropria mais terras às custas dos palestinos, e alertou que legalizar postos avançados recompensa colonos violentos.
A decisão foi elogiada por Yisrael Ganz, presidente do Conselho Yesha —que representa os assentamentos judaicos e tem laços estreitos com o governo. Ganz disse que a medida contraria os esforços da Autoridade Palestina para estabelecer um Estado.
“Essa decisão histórica envia uma mensagem clara —estamos aqui não apenas para ficar, mas para estabelecer o Estado de Israel aqui para todos os seus residentes e fortalecer sua segurança”, afirmou.
Cerca de 700 mil colonos israelenses vivem entre 2,7 milhões de palestinos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental —territórios capturados por Israel da Jordânia na guerra de 1967. Israel posteriormente anexou Jerusalém Oriental, uma medida não reconhecida pela maioria dos países, mas não estendeu formalmente sua soberania sobre a Cisjordânia.
A atividade de assentamentos na Cisjordânia acelerou drasticamente desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, que já dura 20 meses. Tel Aviv também intensificou operações militares contra militantes palestinos na Cisjordânia, enquanto ataques de colonos contra residentes palestinos têm aumentado.
Um dirigente do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse à Reuters que a decisão de quinta-feira faz parte da “guerra liderada por Netanyahu contra o povo palestino”. Ele pediu aos Estados Unidos e à União Europeia que respondam à medida israelense com ações concretas.