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Israel acelera saída de palestinos da Faixa de Gaza – 07/05/2025 – Mundo

Israel permitiu que centenas de palestinos deixassem a Faixa de Gaza nas últimas semanas, após meses de um bloqueio quase total, com as saídas acelerando após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propor em fevereiro o esvaziamento do território.

A proposta do republicano foi denunciada pela ONU e por governos e grupos de direitos humanos como uma limpeza étnica —o que não impediu ministros israelenses de apoiar o plano. O chefe da pasta de Defesa, Israel Katz, por exemplo, anunciou em março que criaria um órgão para ajudar a implementar a ideia de Trump e facilitar o que chamou de saídas voluntárias.

Segundo diplomatas, Israel permitiu que várias centenas de pessoas deixassem o território sitiado até o momento. A França recebeu mais de 170, a Alemanha, mais de 70, e vários outros países receberam dezenas de palestinos.

Autoridades israelenses, incluindo o ministro do interior, Moshe Arbel, tentam retratar as saídas como parte do esquema de “partida voluntária”. Diplomatas envolvidos no processo, porém, disseram que este não era o caso, e que aqueles que estão saindo de Gaza agora eram pessoas que eles tentavam ajudar a sair há muito tempo.

A maioria dos que partiram é formada por cidadãos com dupla nacionalidade ou seus dependentes, pessoas sendo retiradas para tratamento médico e pessoas com vistos para terceiros países, disseram os diplomatas. Segundo eles, entre os que partiram estavam pessoas a quem Israel havia anteriormente recusado a saída de Gaza, ou cujo pedido havia sido repetidamente adiado.

“Após o anúncio de Trump, Israel decidiu abrir o sinal de saída novamente, porque na visão deles (…) era uma forma de começar a implementação do chamado plano Trump —enquanto para nós, é claro, não era”, disse um diplomata.

O Cogat (Coordenador de Atividades Governamentais nos Territórios, na sigla em inglês), órgão militar israelense responsável por assuntos civis nos territórios palestinos, disse que coordenou dezenas de partidas, sem dar um número preciso, e que isso foi feito “de acordo com instruções do escalão político”.

O gabinete do primeiro-ministro israelense não respondeu a um pedido de comentário.

As saídas de Gaza —que são impossíveis sem a aprovação israelense— praticamente pararam depois que Israel assumiu o controle da passagem de fronteira de Rafah entre Gaza e Egito, em maio do ano passado. Do início da guerra até então, o local havia sido a principal rota para fora do território.

Pessoas envolvidas nas evacuações disseram que elas recomeçaram em números muito pequenos no final do ano passado, e as aprovações aceleraram drasticamente depois que Trump disse em fevereiro que os EUA deveriam assumir Gaza, e que todos os 2,1 milhões de pessoas no enclave deveriam “ser reassentados”.

Os esforços do republicano para persuadir a Jordânia e o Egito a aceitarem os habitantes de Gaza foram fortemente rejeitados por ambos os países. Mas os temores de deslocamento em massa foram revividos nos últimos dias, depois que o governo de ultradireita de Binyamin Netanyahu aprovou um plano para uma maior intensificação de sua ofensiva de 19 meses contra o Hamas.

O plano prevê forçar centenas de milhares de palestinos para áreas cada vez menores de terra no sul de Gaza. Mas um funcionário de alto escalão de segurança israelense disse na última segunda-feira (5) que a saída deles do território também era um dos objetivos da ofensiva.

“O programa de transferência voluntária [migração] para residentes de Gaza, especialmente aqueles que serão concentrados no sul, fora do controle do Hamas, será parte dos objetivos da operação”, disse o funcionário.

Diplomatas disseram que ainda não está claro se Israel permitirá que aqueles que saíram retornem. Mas muitos expressaram sua determinação em fazê-lo, apesar das terríveis condições humanitárias no território, onde a ofensiva de Israel reduziu a maioria dos edifícios a escombros, e o bloqueio de ajuda humanitária aumentou a fome extrema.

Dunya al-Amal Ismail, uma poeta e escritora palestina que deixou Gaza para ir para a França em abril, disse que recebeu, em 2024, uma bolsa do governo francês para passar um ano em Paris trabalhando em um projeto de escrita e ensino. Ela se candidatou à bolsa antes da guerra, mas só conseguiu viajar em abril.

Ismail, que foi deslocada internamente em Gaza 11 vezes durante a guerra, disse que retornaria ao território após o término de sua bolsa. “Ninguém foi solicitado a assinar um documento para migrar de Gaza ou para ficar fora por um número de anos”, disse ela. “Eu teria voltado na passagem de Kerem Shalom [na fronteira entre Gaza, Egito e Israel] se isso tivesse sido pedido de mim.”

Fonte: Folha de São Paulo

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