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Homem drogou esposa para que desconhecidos a estuprassem – 02/09/2024 – Mundo

A França começou a julgar nesta segunda-feira (2) um aposentado acusado de ter drogado sua esposa por dez anos para que outros homens pudessem estuprá-la. Ao todo, mais de 50 pessoas são réus no caso, que chocou o país e ganhou projeção internacional.

O julgamento ocorre em Avignon, no sul da França. “A vergonha precisa mudar de lado”, disse Stéphane Babonneau, um dos advogados da vítima, identificada apenas como Gisèle P., ao rejeitar que as audiências fossem a portas fechadas, como tinham pedido o Ministério Público e parte da defesa.

A vítima de 72 anos, que está se divorciando, chegou ao tribunal acompanhada de seus advogados e os três filhos. Foi a primeira audiência do processo, que deve terminar depois de 20 de dezembro.

Nos bancos dos réus estão 51 homens com idades que variam de 26 a 74 anos, incluindo Dominique P., o ex-marido da vítima —ele pode pegar até 20 anos de prisão. “Ele está envergonhado pelo que fez. É imperdoável”, disse a advogada de Dominique, Béatrice Zavarro, que tenta diminuir a pena do agressor.

Dezoito dos réus cumprem prisão preventiva. Os acusados têm perfis diversos: são bombeiro, artesão, enfermeiro, agente penitenciário, jornalista, eletricista, entre outros; solteiros, casados e divorciados.

Segundo a investigação, a maioria foi uma vez à casa da vítima, localizada na cidade de Mazan, próxima de Avignon. Dez deles estiveram até seis vezes no local. O marido da vítima não pedia dinheiro em troca.

Especialistas ouvidos no processo dizem que os acusados não sofrem de patologias psicológicas significativas, embora tenham um “sentimento de onipotência” sobre o corpo feminino. Muitos argumentaram que, ao cometer o crime, acreditavam estar participando de fantasias sexuais do casal.

O marido da vítima, por sua vez, disse que todos sabiam que a mulher estava drogada sem o seu consentimento. Para os promotores, “cada um dispunha de seu livre arbítrio” e podia ter ido embora ao perceber a vítima em condição vulnerável.

Roland Marmillot, advogado de um dos réus, disse que os crimes são decorrentes da “anormalidade mental” do marido, que, segundo ele, queria “arrastrar os outros 50 acusados para sua loucura”.

Os investigadores identificaram ao menos 92 estupros desde 2011, quando o casal vivia na região de Paris. Os crimes ficaram mais frequentes a partir de 2013, quando eles se mudaram para Mazan, e ocorreram até 2020.

Ainda segundo a polícia, o marido da vítima fazia a mulher ingerir um ansiolítico forte antes dos estupros. Ele orientava aos outros homens, encontrados em um site de relacionamento, que não a acordassem.

Também exigia que eles não usassem perfume ou consumissem tabaco. Os homens tinham de se despir na cozinha para evitar que nenhuma peça fosse esquecida no quarto.

Gisèle P. soube dos estupros aos 68 anos, em 2020, depois que o seu marido foi flagrado em um shopping filmando outras mulheres por baixo de suas saias. Após ser detido, os investigadores encontraram fotos e vídeos dos estupros em seu computador.

A mulher diz não ter nenhuma lembrança dos acontecimentos. Ela afirmou que o processo terá “momentos muitos difíceis”, mas que “não há nada a esconder” nem “do que se envergonhar”.

A vítima deve prestar depoimento na quinta-feira (5), enquanto o réu principal será interrogado em 10 de setembro. Após sua prisão, a política identificou outros dois processos nos quais ele teria tido envolvimento: um homicídio com estupro em Paris, em 1991, do qual ele nega participação, e uma tentativa de estupro em 1999, do qual ele teria admitido culpa após exames de DNA.

Fonte: Folha de São Paulo

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