O Hamas deu uma resposta positiva para o novo plano de cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos ao conflito com Israel na Faixa de Gaza.
À agência Reuters, uma autoridade palestina, que permaneceu anônima, afirma que a resposta foi enviada ao Qatar e ao Egito, mediadores árabes nas negociações.
“A reposta do Hamas é positiva e acho que vai facilitar chegar a um acordo”, disse essa autoridade.
Na terça-feira (1º), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que Israel havia concordado com a proposta, que inclui uma pausa de 60 dias para negociações.
“Meus representantes tiveram uma longa e produtiva reunião com os israelenses hoje sobre Gaza. Israel concordou com as condições para concluir o cessar-fogo de 60 dias, durante o qual trabalharemos com todas as partes para acabar com a guerra”, escreveu Trump em sua plataforma, a Truth Social, na ocasião.
A última trégua no conflito foi iniciada no dia 19 de janeiro deste ano e rompida por novos ataques de Israel em Gaza no dia 18 de março, em meio a discordâncias sobre o desenrolar das fases seguintes do acordo então vigente.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, ainda não abordou o assunto publicamente, e vai se reunir com Trump neste sábado (5), em viagem de cinco dias a Washington.
O presidente americano afirmou durante a semana que seria “muito firme” com o colega israelense para a aprovação do cessar-fogo. Já o ministro israelense das Relações Exteriores, Gideon Sa’ar, confirmou que Tel Aviv aceitou o plano.
Na quarta-feira (2), Netanyahu voltou a dizer que o objetivo de guerra de seu governo é o fim do Hamas. “Não vai haver um Hamas, não haverá um Hamastão. Nós não vamos voltar a isso, está acabado”, disse o premiê.
Dos 255 reféns tomados pelo Hamas no 7 de Outubro, 50 estão em Gaza —28 deles já mortos, segundo estimativa de Israel. O retorno de todos eles é uma das exigências de Israel, enquanto o Hamas busca que a pausa temporária se torne permanente, com a retirada das tropas israelenses de Gaza.
Ataques israelenses mataram ao menos 138 palestinos em Gaza nas últimas 24 horas, segundo autoridades de saúde locais, ligadas ao Hamas. As mortes de palestinos ultrapassam 56 mil, número divulgado pelo Hamas, que não diferencia civis de combatentes.
Autoridades de saúde do Hospital Nasser em Khan Yunis, no sul de Gaza, disseram que o exército israelense realizou um ataque aéreo em um acampamento de tendas a oeste da cidade por volta das 2h da manhã, matando 15 palestinos deslocados por quase dois anos de guerra.
O exército de Israel afirmou que tropas operando na área de Khan Yunis eliminaram terroristas, confiscaram armas e desmantelaram postos avançados do Hamas nas últimas 24 horas, enquanto atacaram cem alvos em todo território, incluindo estruturas militares e instalações de armazenamento de armas.
Mais tarde na sexta-feira, palestinos se reuniram para realizar orações fúnebres antes de enterrar aqueles que foram mortos durante a noite.
“Deveria ter havido um cessar-fogo há muito tempo, antes de eu perder meu irmão”, disse Mayar Al Farr, 13, enquanto chorava. Seu irmão, Mahmoud, foi morto a tiros em outro incidente, disse ela. “Ele foi buscar ajuda, para conseguir um saco de farinha para nós comermos. Ele levou um tiro no pescoço que matou-o na hora”, disse ela.
Adlar Mouamar afirmou que seu sobrinho, Ashraf, também foi morto. “Nossos corações estão partidos. Pedimos ao mundo, não queremos comida, queremos que eles acabem com o derramamento de sangue. Queremos que eles parem com esta guerra.”
Em Tel Aviv, familiares e amigos de reféns mantidos em Gaza estavam entre os manifestantes que se reuniram em frente a um prédio da embaixada dos EUA no dia da independência dos EUA, pedindo a Trump que garantisse um acordo para todos os sequestrados pelo grupo terrorista.
Os manifestantes montaram uma mesa simbólica de jantar de shabat, colocando 50 cadeiras vazias para representar aqueles que ainda estão detidos em Gaza.
