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Guerra Israel-Hamas: os símbolos do conflito em São Paulo – 19/10/2023 – Mundo

A repercussão da guerra entre Israel e Hamas ganha força na cidade de São Paulo com protestos que pedem paz e lamentam as mortes. Outras demonstrações, mais silenciosas ou quase despercebidas, também marcam posição sobre o conflito, que já deixou ao menos 1.400 mortos do lado israelense e mais de 3.800 do lado palestino.

Bandeiras expostas após o ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro e do início dos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza aparecem em sacadas e janelas. Ainda, desenhos e cartazes com informações de pessoas sequestradas ajudam a traduzir o efeito da guerra na cidade.

Algumas bandeiras da Palestina foram vistas em uma sacada no Brás e em um edifício na avenida São João, na região central da cidade —esta segue ao menos desde janeiro no local. Já exemplares de Israel apareceram em edifícios de Higienópolis, bairro nobre da capital, e em Perdizes, na zona oeste.

Na praça Cinquentenário de Israel, também em Higienópolis, local de um ato pró-Israel em 10 de outubro, já não havia bandeiras, mas inscrições no muro que pediam paz. No restaurante Al Janiah, fundado na Bela Vista em 2016 e conhecido pela defesa da Palestina, cartazes, pinturas e grafites vieram antes da escalada mais recente do conflito.

Mas parte do acervo começou a ser atualizada após as cenas de violência em Gaza. É o caso da obra Mulher Oliveira Palestina, produção de 2017 de Flávia Lobo Felício e Sérgio Rossi. A figura mostra símbolos palestinos como a oliveira —cujos galhos e folhas surgem por trás do corpo da mulher— e uma chave pendurada no pescoço.

A chave, explica o dono do Al Janiah, Hasan Zarif, simboliza o direito de retorno ao território dos palestinos refugiados. “E a maioria é de 1948”, diz ele, em referência ao deslocamento de 700 mil árabes no fim da segunda metade da década de 1940, chamado de nakba. “A oliveira é um símbolo palestino, e a mulher carrega nossa resistência.”

A restauração começou por contornos dourados em volta da chave no pescoço da mulher. A tradição consiste em passar, de geração em geração, as chaves simbólicas das casas das quais os palestinos foram expulsos há 75 anos.

Já o cartaz que permanece na fachada enquanto durar o sofrimento dos palestinos, segundo Zarif, defende uma Palestina livre, do rio ao mar. A expressão faz referência ao rio Jordão e ao mar Mediterrâneo, área que inclui o território israelense.

A cinco quilômetros dali, na avenida Cidade Jardim, na região da Faria Lima, zona oeste, passageiros de ônibus e pedestres passavam pelos cartazes da ONG de Israel StandWithUs Brasil, que exibem nomes de sequestrados pelo Hamas após o ataque de 7 de outubro. O modelo foi criado pelos pelos artistas israelenses Nitzan Mintz, 32, e seu parceiro, que atende pelo nome de Dede Bandaid, 36.

O projeto, segundo Bandaid, surgiu da vontade de “fazer alguma coisa” pelas vítimas desaparecidas, de bebês a idosos.

Cartazes também foram colados em Perdizes, com informações sobre os israelenses Kfir, de 9 meses , e Ariel, 4. Outro revezava a exibição de vítimas com um anúncio de particular em um outdoor eletrônico de ponto de ônibus na altura do Cemitério da Consolação, na região central.

A distribuição de panfletos não decolou, mas a dupla, junto com a designer Tal Huber, viu o projeto viralizar após artistas divulgarem os cartazes, agora disponíveis para download em diferentes idiomas.

O artista afasta a ideia de que mostrar vítimas poderia soar como a divulgação, por órgãos do governo israelense, como o Ministério das Relações Exteriores, de imagens de pessoas feridas durante o ataque do Hamas em 7 de outubro. A ação pareceu uma estratégia de Tel Aviv de expor à comunidade internacional esses massacres em canais oficiais.

“É uma ferida complexa”, afirma Bandaid. “Somos dois artistas e não sabemos exatamente como funciona a parte política. Mas sabemos que essa tragédia precisa terminar.”

Fonte: Folha de São Paulo

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