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Gaza: Organização de ajuda humanitária pausa distribuição – 04/06/2025 – Mundo

A Fundação Humanitária de Gaza (FHG), controversa organização americana responsável pelo retorno da distribuição de ajuda humanitária no território palestino, não distribuiu auxílio nesta quarta-feira (4).

A fundação, apoiada por Estados Unidos e Israel, pede a Tel Aviv que aumente a segurança de civis além do perímetro de seus locais de distribuição de ajuda, após episódios recentes em que dezenas de palestinos que buscavam auxílio foram mortos em meio à retomada caótica de distribuição de ajuda humanitária em Gaza após bloqueio israelense.

A FHG afirmou que pediu ao Exército de Israel para “orientar o tráfego de pedestres de forma a minimizar a confusão ou riscos de escalada” perto de posições militares, desenvolver orientações mais claras para civis e melhorar o treinamento para apoiar a segurança de civis.

A organização anunciou nesta terça-feira (3) um novo diretor, ligado ao presidente dos EUA, Donald Trump, após o anterior renunciar, argumentando que não conseguiria exercer sua função com independência.

Evangélico, o reverendo Johnnie Moore é definido pela FGH como “um defensor internacionalmente reconhecido da paz, liberdade religiosa e dignidade humana duas vezes indica pelo presidente Donald Trump para servir como comissário da Comissão Americana pela Liberdade Religiosa Internacional”.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai discutir a situação em Gaza nesta quarta-feira, em sessão marcada para as 17h (horário de Brasília), o cessar-fogo entre Israel e Hamas e o acesso de ajuda humanitária em todo o território palestino, onde a desnutrição é generalizada e o auxílio tem chegado a conta-gotas desde que Israel suspendeu o bloqueio após 11 semanas.

“É inaceitável. Civis estão arriscando e em vários casos perdendo suas vidas apenas tentando conseguir comida”, disse o porta-voz da secretaria-geral da ONU, Stéphane Dujarric, na terça-feira, acrescentando que o modelo de distribuição de ajuda apoiado pelos EUA e Israel era “uma receita para o desastre”.

A ONU há muito culpa Israel e a ausência de lei no território palestino por dificultar a entrega de ajuda a Gaza e sua distribuição. Em rota de colisão com a organização internacional por conta do conflito, Tel Aviv, por sua vez, acusa o Hamas de roubar o auxílio enviado, o que o grupo nega.

Os 10 membros eleitos do Conselho de Segurança da ONU devem colocar em votação um projeto de resolução que exige “um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente em Gaza respeitado por todas as partes.”

O texto do projeto, visto pela agência Reuters, também exige a libertação de todos os reféns mantidos pelo grupo terrorista palestino e outras facções, além do levantamento imediato de todas as restrições à entrada de ajuda e sua distribuição segura e sem obstáculos, inclusive pela ONU, em todas as partes de Gaza.

“O tempo de agir já passou”, disse à Reuters o embaixador da Eslovênia na ONU, Samuel Zbogar. “É nossa responsabilidade histórica não permanecer em silêncio.”

Enquanto o governo dos EUA sob Donald Trump tenta intermediar um cessar-fogo no conflito, não estava imediatamente claro se Washington vetaria o texto do projeto no conselho, como tradicionalmente tem feito com resoluções que não agradam a Israel. Um porta-voz da missão dos EUA na , no entanto, disse: que não poderiam “antecipar nossas ações atualmente em consideração”, indicando que devem vetar o texto em razão das negociações em curso, que também envolvem países árabes, por fora da organização internacional.

Tel Aviv rejeita apelos por um cessar-fogo incondicional ou permanente, dizendo que o Hamas não pode ser autorizado a permanecer em Gaza.

Uma resolução do conselho precisa de nove votos a favor e nenhum veto dos membros permanentes — Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido ou França— para ser aprovada.

Autoridades hospitalares do território afirmam que mais de 80 pessoas foram mortas a tiros e centenas ficaram feridas perto dos pontos de distribuição em um período de três dias desde domingo, incluindo pelo menos 27 mortos na terça-feira (3). A volta da entrada e distribuição de ajuda humanitária completou duas semanas nesta segunda (2).

Palestinos dizem que soldados israelenses abriram fogo contra as multidões, que se aglomeram antes do amanhecer em busca de alimentos. Os militares negam isso, mas reconheceram na terça-feira que soldados haviam atirado contra o que chamaram de suspeitos que ignoraram tiros de advertência e estavam se aproximando das tropas.

“Nossa principal prioridade continua sendo garantir a segurança e dignidade dos civis que recebem ajuda”, disse um porta-voz da fundação. Um porta-voz militar israelense advertiu os civis contra a movimentação em áreas que levam aos locais da FHG na quarta-feira, considerando-as “zonas de combate”.

O novo processo de distribuição de ajuda para a população de mais de dois milhões de Gaza a partir de apenas três locais foi iniciado em meio a uma nova ofensiva de Israel contra o Hamas desde o final do mês passado. A ONU e outros grupos de ajuda dizem que o modelo, que utiliza trabalhadores privados americanos de segurança e logística, militariza a ajuda.

O ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que ataques israelenses mataram pelo menos 95 palestinos nas últimas 24 horas, incluindo mulheres e crianças em uma escola que abrigava famílias deslocadas que foi atingida perto da cidade de Khan Yunis, no sul.

A guerra em Gaza continua desde 2023, após terroristas do Hamas matarem 1.200 pessoas em Israel em ataques a comunidades no entorno de Gaza em 7 de outubro daquele ano e levarem cerca de 250 reféns de volta para o território palestino, segundo contagens israelenses. Muitos dos mortos ou capturados eram civis.

Israel respondeu com uma campanha militar que matou mais de 54 mil palestinos, segundo autoridades de saúde de Gaza, controladas pelo Hamas, que não diferenciam combatentes e civis na contagem.

Fonte: Folha de São Paulo

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