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Europa aumenta pressão e fala em rever relação com Israel – 20/05/2025 – Mundo

Vários meses de bombardeios incessantes que mataram milhares e devastaram a Faixa de Gaza agora ameaçam irromper uma crise diplomática entre países da União Europeia e Israel, cujas alianças históricas remontam à criação do Estado judeu há quase oito décadas.

De forma incisiva e sem precedentes, diversos líderes europeus subiram o tom das críticas contra Tel Aviv nos últimos dias devido ao bloqueio à entrada de ajuda humanitária no território palestino.

O novo posicionamento deixou de ser mera retórica nesta terça-feira (20), quando o Reino Unido anunciou a suspensão das negociações de livre comércio, implementou sanções contra colonos na Cisjordânia e convocou a embaixadora de Israel, uma medida que, na linguagem diplomática, sinaliza grande insatisfação. Ao justificar os atos, o ministro de Relações Exteriores britânico, David Lammy, afirmou que o bloqueio é injustificável, “moralmente errado” e uma “afronta aos valores do povo britânico”.

As ações de Londres foram anunciadas um dia depois de Reino Unido, França e Canadá divulgarem nota conjunta ameaçando adotar “medidas concretas” caso Tel Aviv não encerrasse “ações escandalosas” em Gaza. Numa declaração separada, 22 países, sendo 18 do velho continente, já tinham exigido, também na segunda-feira (19), a “retomada completa de ajuda” aos palestinos. Para o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, essas reprimendas oferecem uma “recompensa imensa” ao grupo terrorista Hamas.

Os atritos destoam da boa interlocução histórica entre Europa e Israel, impulsionada, paradoxalmente, pelos vários séculos nos quais comunidades judaicas em solo europeu enfrentaram perseguições.

O divisor de águas foi o extermínio sistemático de seis milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), perpetrado por nazistas alemães. O Holocausto teve papel determinante na legitimação moral e política da criação de Israel em 1948. Muitos países europeus votaram a favor da partilha da Palestina na ONU, em 1947 e, depois, reconheceram o novo Estado.

A culpa histórica pelo genocídio nazista levou vários países europeus, incluindo a Alemanha, a estabelecer uma relação especial com Israel, marcada por compensações financeiras e apoio diplomático constante. Apesar de divergências pontuais em relação aos direitos dos palestinos, a União Europeia se tornou, nos últimos anos, um dos principais parceiros comerciais e militares de Israel, com colaboração estreita nas áreas de ciência e segurança.

Mas, também nesta terça, a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, endossou as críticas a Tel Aviv e afirmou que o bloco vai rever um acordo amplo para comércio e cooperação com Israel, firmado em 2000. Segundo a política estoniana, 17 dos 27 ministros de Negócios Estrangeiros da UE manifestaram apoio à iniciativa devido à intensificação das ofensivas em Gaza e ao bloqueio imposto por Tel Aviv.

Essas medidas atendem, em parte, a pedidos feitos por ativistas palestinos. Um deles, Jamal Juma, defendeu em entrevista à Folha no ano passado um boicote comercial a Tel Aviv como forma de pressionar pelo fim dos ataques.

Integrante do Comitê Nacional Palestino de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS, na sigla em inglês) Juma traçou paralelos entre Israel e a África do Sul no período do apartheid. Segundo ele, sanções comerciais aprovadas por 25 países no final da década de 1980, juntamente com embargo militar, foram cruciais para o fim do regime de segregação racial no país africano. O mesmo deveria ser feito com os israelenses, defendeu o ativista, que estariam “limitando o direito de existência” dos palestinos.

O Brasil também tem tido postura crítica contra as ações israelenses em Gaza. Nesta terça, o ministro das Relações Exteriores do governo Lula, Mauro Vieira, instou outros países a agirem diante do que chamou de carnificina das forças militares israelenses contra os palestinos em Gaza. “Há um número elevadíssimo de crianças mortas. É algo que a comunidade internacional não pode ver de braços cruzados”, afirmou.

Fonte: Folha de São Paulo

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