O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, processou a cidade de Los Angeles nesta segunda-feira (30) por adotar políticas que limitam a cooperação com as autoridades federais de imigração. A ação mantém o confronto entre o republicano e um município de maioria democrata, que se autodenomina “cidade santuário” e resiste aos esforços federais para ampliar as deportações.
A ação, movida pelo Departamento de Justiça dos EUA, alega que as políticas que impedem o uso de recursos municipais —para ajudar em operações de fiscalização de imigração ou coletar informações sobre o status de cidadania de indivíduos— violam a lei federal.
“Continuaremos aplicando a lei federal de imigração em Los Angeles, quer o governo ou os moradores da cidade concordem com isso ou não”, disse Chad Mizelle, um alto funcionário do Departamento de Justiça, nas redes sociais. “E não vamos tolerar qualquer interferência com o dever do governo federal de aplicar a lei.”
O comunicado afirma ainda que Los Angeles se recusou a colaborar com as autoridades de imigração, o que teria levado a uma onda de violência no início de junho. “Foi tão grave que exigiu que o governo federal mobilizasse a Guarda Nacional da Califórnia e os Fuzileiros Navais para conter o caos.”
O processo ocorre semanas depois de Trump ter mobilizado as tropas federais para conter protestos em Los Angeles contra ações de deportação. As manifestações ficaram restritas a uma parte pequena da cidade, mas incluíram casos de saques, destruição de propriedade e ataques às forças de segurança, e começaram quando agentes federais realizaram operações massivas para prender imigrantes em situação irregular que procuravam emprego em Los Angeles.
Segundo o jornal Los Angeles Times, o Departamento de Justiça também entrou na Justiça contra a prefeita Karen Bass e vereadores da cidade. O processo foi apresentado em um tribunal federal na Califórnia e pede que políticas que tornam Los Angeles uma cidade santuário sejam canceladas.
Nos EUA, cidades como Los Angeles, Nova York, Houston, Chicago e Atlanta se autodenominam santuários por adotarem políticas locais mais favoráveis a migrantes, incluindo aqueles em situação irregular, e por abrigarem grandes comunidades de imigrantes, em contraste com regiões do país que mantêm posturas mais restritivas.
Essas cidades santuário adotam leis ou diretrizes para limitar a cooperação entre suas forças de segurança e as autoridades federais de imigração, recusando-se, por exemplo, a repassar dados de imigrantes sem documentos ou a prendê-los apenas para fins de deportação.
A política busca proteger populações migrantes, garantir confiança entre comunidades e polícia local e reduzir o medo de denúncias ou perseguições, mas é criticada por opositores que afirmam que ela dificulta o cumprimento das leis federais de imigração.
No último mês, mais de 1.600 imigrantes foram presos em operações no sul da Califórnia, segundo o Los Angeles Times, provocando protestos.
