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EUA tentam amenizar relatório que questionou ataque ao Irã – 25/06/2025 – Mundo

O governo Donald Trump precisou atuar nesta quarta-feira (25) para tentar amenizar o impacto da divulgação pela imprensa americana de um relatório de inteligência que contrariava a posição do presidente sobre o tamanho dos danos causados ao programa nuclear do Irã.

Ao longo do dia, a narrativa construída foi a de que, além de falsas as notícias, há um novo relatório comprovando a fala de Trump. A reação incluiu declarações de integrantes da gestão e, inclusive, o anúncio pela CIA (agência de inteligência americana) de um documento para afirmar que os estragos foram severos —isso o próprio regime iraniano admitiu.

No sábado (21), ao anunciar o ataque ao país, Trump afirmou que os EUA haviam obliterado completamente o programa nuclear iraniano. O relatório confidencial revelado nesta terça-feira (24), porém, apontava que o bombardeio teria apenas atrasado o programa em alguns meses.

Trump reagiu de imediato e, logo após a publicação das reportagens, passou a chamar a mídia de mentirosa, como de praxe. Num post nas redes sociais, ele pediu inclusive a demissão de uma repórter da rede de televisão CNN.

Além de contrariar o presidente, o resultado da análise é negativo para o presidente porque significaria um desfecho pequeno às custas de um risco elevado, que foi o de entrar no conflito entre Israel e Irã.

“A CIA pode confirmar que um conjunto de inteligência credível indica que o Programa Nuclear do Irã foi severamente danificado pelos recentes ataques direcionados”, disse o diretor da CIA, John Ratcliffe. “Isso inclui novas informações de fonte/método historicamente confiável e preciso de que várias instalações nucleares iranianas importantes foram destruídas e teriam que ser reconstruídas ao longo de anos”, completou, acrescentando Ele ainda que a CIA continuaria a coletar informações adicionais sobre o assunto.

Israel justificou o ataque ao Irã há duas semanas argumentando que o país persa estaria prestes a desenvolver uma bomba atômica. Os iranianos nunca admitiram que têm esse objetivo, e nem mesmo a inteligência americana confirmava a existência do programa.

Trump, porém, disse em carta ao Congresso que as instalações nucleares iranianas atingidas no sábado abrigavam “um programa de desenvolvimento de armas nucleares” —contradizendo as agências de espionagem dos EUA.

A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), o órgão da ONU que fiscaliza os programas nucleares dos países signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), afirma que o Irã enriquece urânio em níveis superiores aos necessários para manter ativos os reatores de energia. Mas não há provas de que o país persa esteja de fato desenvolvendo uma arma nuclear.

Ainda assim, foi para evitar essa hipótese que o presidente americano justificou seus ataques, a despeito de contrariar sua base de apoiadores mais radicais, contrária a intervenções americanas no exterior.

O debate sobre se o Irã poderia retomar a produção do seu programa nuclear foi um dos principais temas da cúpula da Otan, que ocorre nesta semana em Haia, na Holanda.

Trump foi questionado por repórteres diversas vezes sobre o alcance dos ataques e centrou as respostas na defesa de que eles haviam eliminado os esforços nucleares iranianos. Coube ao secretário de Estado, Marco Rubio, dar uma justificativa detalhada.

Segundo ele, a investida iraniana teria sido atrasada em anos, não em meses, porque os EUA teriam destruído uma “instalação de conversão”, essencial para a produção de uma arma nuclear.

Essa instalação de conversão seria necessária para transformar o urânio enriquecido em lugares como Fordow e Natanz em metal apropriado para a fabricação de uma ogiva. Ao contrário do complexo em Fordow, que contava com centrífugas capazes de enriquecer o material físsil enterradas no fundo de uma montanha, essa instalação de conversão, de acordo com Rubio, estaria em Isfahan, um complexo muito mais vulnerável.

Se o secretário de Estado estiver certo, então duas coisas podem ser verdade ao mesmo tempo: que o complexo de Fordow, altamente resistente a bombardeios aéreos, não sofreu grandes danos, e que o programa nuclear iraniano precisará de anos para se reerguer, uma vez que uma instalação de conversão é uma infraestrutura sofisticada e custosa. Há, entretanto, uma terceira possibilidade: a de que o Irã tenha construído outra instalação do tipo em segredo e não informado a ONU da sua existência.

Trump ainda afirmou nesta quarta que deve ter conversas com o Irã na próxima semana, mas minimizou agora a necessidade de um acordo com o país. “Para mim, não acho que seja tão necessário. Quero dizer, eles travaram uma guerra. Agora estão voltando para o mundo deles. Não me importo se tenho um acordo ou não”, afirmou.

Nesta quarta, o presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Qalibaf, disse à imprensa estatal que o país pretende acelerar seu programa nuclear civil. O Parlamento também aprovou uma resolução para suspender a cooperação do país persa com a AIEA. A medida ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Guardião do país para entrar em vigor.

O Irã ainda é membro do TNP, mas as tensões entre o país e a AIEA vinham crescendo antes do início da guerra com Israel. Qalibaf afirmou que a AIEA “comprometeu sua credibilidade internacional” ao não condenar os ataques de Israel.

Fonte: Folha de São Paulo

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