Autoridades dos Estados Unidos e da Rússia se reunirão na Arábia Saudita nos próximos dias para iniciar negociações que visam encerrar a Guerra da Ucrânia.
O objetivo seria organizar um encontro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.
A informação, divulgada neste sábado (15) à agência de notícias Reuters inicialmente sob reserva, depois foi confirmada pelo presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes americana, Michael McCaul.
Na Conferência de Segurança de Munique, ele disse que o objetivo das conversas será organizar um encontro entre os três presidentes “para finalmente trazer a paz e acabar com este conflito”. O Departamento de Estado dos EUA não se pronunciou sobre os planos.
Segundo o deputado, viajarão para o país no Golfo o secretário de Estado americano, Marco Rubio; o conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz; e o enviado da Casa Branca para o Oriente Médio, Steve Witkoff.
Segundo o jornal russo Kommersant noticiou no final de domingo (16), as conversas sobre a Ucrânia com a participação da delegação russa devem ocorrer em Riad, capital da Arábia Saudita.
Zelenski —que esteve com o vice-presidente americano, J. D. Vance, às margens da conferência na Alemanha—, disse que a Ucrânia não foi convidada para as negociações e que Kiev não se envolveria com Moscou antes de consultar parceiros estratégicos.
Neste domingo (16), o presidente ucraniano anunciou que chegou aos Emirados Árabes Unidos em uma visita para abordar um “grande programa humanitário”, antes do aguardado encontro Trump e Putin.
Antes, na sexta, ele tinha dito que também tinha planos de visitar a Arábia Saudita e a Turquia, mas acrescentou que não pretendia se encontrar com autoridades dos EUA ou da Rússia durante essas viagens.
Não ficou claro quem seria o enviado da Rússia para a cúpula neste cenário.
Neste domingo, o secretário de Estado americano Marco Rubio disse que a Ucrânia e a Europa fariam parte de quaisquer “negociações reais” para acabar com a guerra de Moscou, sinalizando que as conversas dos EUA com a Rússia nesta semana eram uma oportunidade para ver quão sério o presidente russo Vladimir Putin está em relação à paz.
Rubio, que havia conversado com o chanceler russo, Serguei Lavrov, na sexta-feira (14), enfatizou ainda que o processo de negociação ainda não começou de fato.
O principal diplomata dos EUA minimizou as preocupações europeias de serem excluídos das conversas iniciais entre a Rússia e os Estados Unidos, que devem ocorrer na Arábia Saudita nos próximos dias. Em uma entrevista à CBS, Rubio disse que um processo de negociação ainda não havia começado de fato, e se as conversas avançassem, os ucranianos e outros europeus seriam incluídos.
Mais cedo, a Reuters informou que autoridades dos EUA entregaram a autoridades europeias um questionário perguntando, entre outras coisas, quantas tropas poderiam contribuir para a aplicação de um acordo de paz entre a Ucrânia e a Rússia.
“O presidente Trump falou com Vladimir Putin na semana passada. Putin expressou seu interesse pela paz, e o presidente expressou seu desejo de ver um fim a este conflito de uma maneira duradoura e que protegesse a soberania ucraniana”, afirmou ele à CBS. “Agora, obviamente, isso tem que ser seguido por ações, então as próximas semanas e dias determinarão se isso é sério ou não. No final das contas, uma ligação telefônica não faz a paz.”
Trump, que assumiu o cargo em 20 de janeiro, prometeu repetidas vezes acabar rapidamente com a guerra na Ucrânia. O republicano ligou para Putin e para Zelenski na última quarta-feira (12).
Se os movimentos do americano já tinham deixado os países aliados de Washington na Europa ressabiados com a possibilidade de serem jogados para escanteio nas negociações, essa apreensão só aumentou depois da Conferência de Munique, quando Vance passou ao largo da questão ucraniana em seu discurso.
Também neste domingo, assim, a França confirmou a realização de um encontro entre líderes europeus para discutir a guerra e a questão de segurança do continente, numa tentativa de responder concretamente à abordagem unilateral americana do conflito.
A Rússia controla um quinto da Ucrânia e vem avançando lentamente na sua frente leste há meses. O Exército de Kiev, por sua vez, enfrenta escassez de soldados e, além de tentar proteger seu território, também busca manter um pedaço de solo no oeste russo sob seu domínio.
Moscou exige que os ucranianos cedam parte de suas terras e se tornem permanentemente neutros sob qualquer acordo de paz. Os ucranianos, por sua vez, exigem que os russos se retirem das terras invadidas desde o início da guerra, em 2022, e buscam entrar na Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA, para evitar novos ataques de Moscou.
Os EUA e a Europa deram à Ucrânia dezenas de bilhões de dólares em ajuda militar desde que a guerra começou.