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Após uma longa ligação telefônica entre Trump e Xi na semana passada, delegações dos governos dos Estados Unidos e da China estão se reunindo desde segunda-feira (9) em Londres para tentar preservar a trégua na guerra comercial de 90 dias.
As conversas, que continuam nesta terça (10), estão focadas na disputa sobre o controle de minerais estratégicos, insumo essencial para setores como automotivo, aeroespacial e de defesa, cuja exportação a China restringiu como parte das retaliações às tarifas americanas.
A delegação dos EUA é liderada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, enquanto o vice-primeiro-ministro He Lifeng representa o lado chinês.
Trump adotou tom otimista na noite desta segunda e disse que os diálogos “vão bem”, mas sem antecipar decisões. Segundo assessores da Casa Branca, a expectativa é que a China libere o envio de minerais nos próximos dias, em linha com o que foi acordado por telefone com Xi Jinping.
Washington sinalizou que deve continuar pressionando por maior acesso ao mercado chinês, enquanto tenta conter a entrada de produtos manufaturados chineses e restringe a exportação de tecnologias sensíveis para o país asiático.
Pequim, por sua vez, enfrenta queda nas exportações e tenta reaquecer a economia com estímulos à produção industrial. Segundo o New York Times, as vendas chinesas aos EUA caíram mais de 34% em maio na comparação com o ano anterior.
Por que importa: não se engane, a despeito das declarações otimistas nos EUA, o entendimento geral entre quem tem acompanhado o desenrolar das tratativas é que qualquer acordo em Londres deve se limitar a medidas pontuais, sem reverter a tendência de distanciamento econômico entre os dois países.
Também não há expectativas que um texto nos moldes do obtido por Trump no primeiro mandato —quando a China se comprometeu (e nunca cumpriu) a comprar cotas de commodities americanas— seja alcançado no futuro próximo.
Pare para ver
Trecho da tela “Pacificando o Mar do Sul da China”, datada de 1810 e exposta atualmente em Hong Kong. Com mais de 18 metros de comprimento, é considerada uma das maiores obras-primas da pintura cantonesa. Leia mais sobre (e veja outros trechos da pintura) aqui.
O que também importa
★ O fundador da Huawei, Ren Zhengfei, admitiu que seus chips de IA estão atrás dos modelos dos EUA, mas disse que a empresa tem compensado com técnicas de empilhamento de componentes e computação em cluster —formas de somar a capacidade de vários chips. Em entrevista ao estatal Diário do Povo, ele afirmou que os EUA exageram os feitos da Huawei e negou que a empresa represente sozinha o avanço chinês no setor. A fala vem após Washington ampliar sanções e alertar que os chips Ascend da Huawei podem estar violando regras de exportação.
★ Um ex-pastor de 66 anos foi preso em Hong Kong, suspeito de abusar sexualmente de uma menina de 13 anos em duas ocasiões, entre 1993 e 1994, dentro de uma igreja. Segundo o South China Morning Post, a denúncia foi feita no mês passado por uma mulher de 44 anos, que afirma ter sido atacada enquanto estudava no local. A polícia investiga se há outras vítimas. O homem foi liberado sob fiança e deve se apresentar novamente às autoridades ainda neste mês.
★ Uma cientista chinesa foi presa ao desembarcar em Detroit, acusada de tentar contrabandear material biológico para um laboratório da Universidade de Michigan. Segundo o FBI, Chengxuan Han enviou amostras relacionadas a vermes que exigem permissão do governo para entrada nos EUA. O material havia sido interceptado anteriormente, inclusive escondido dentro de um livro. Aluna de pós-graduação em Wuhan, Han pretendia passar um ano no país e agora segue detida à espera de audiência. É o segundo caso semelhante em poucos dias, após a prisão de outra pesquisadora chinesa ligada ao envio ilegal de fungo tóxico.
Fique de olho
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, afirmou que a aliança precisa fortalecer parcerias no Indo-Pacífico diante do avanço militar da China e sua aproximação com Rússia, Irã e Coreia do Norte.
Em discurso em um evento organizado pela Chatham House, em Londres, Rutte destacou que Pequim já tem a maior marinha do mundo e projeta alcançar 435 navios e mais de mil ogivas nucleares até 2030.
- “O que vemos neste momento é um enorme aumento de capacidade militar na China. Não podemos pensar que existe um único teatro de operações, que é o teatro euro-atlântico. Temos que estar cientes de que tudo isso está interligado com o que está acontecendo no Pacífico,” disse.
Rutte também voltou a acusar a China de fornecer bens de uso dual (militar e civil) à Rússia, a despeito de sanções internacionais, e defendeu que a aliança militar dialogue com parceiros na região como Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Austrália para cooperar pela dissuasão militar a Pequim.
Por que importa: esse tipo de fala, cada vez mais comum no linguajar de líderes e burocratas da Otan, reforça o temor chinês de que a aliança tentará estrangular o país como fez com a União Soviética (e posteriormente com a Rússia).
Europa e EUA, porém, seguem negando que seja este o plano ou que estejam dispostos a estender aos parceiros da região a proteção de defesa mútua do Artigo 5 da aliança —que prevê resposta conjunta caso qualquer membro seja atacado por forças externas.
Para ir a fundo
A Embaixada da China está com um concurso de redação que vai dar eletrônicos, brindes e uma viagem com tudo pago para a China aos vencedores. Com o tema “A Modernização ao Estilo Chinês e o Brasil”, os textos devem ser enviados até 20 de junho e devem ter entre 1000 e 3000 palavras. Mais informações aqui. (gratuito, em português).
Quer comemorar o Festival do Barco-Dragão com um toque brasileiro? O Instituto Confúcio da Unesp realiza no sábado, dia 14, mais uma edição da Festa Junina combinada com o tradicional feriado chinês. O evento acontece às 17h na Rua Dom Luís Lasanha, 400, Ipiranga (São Paulo, SP). Saiba mais aqui. (gratuito)