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EUA acusa Sudão de uso de armas químicas; governo nega – 23/05/2025 – Mundo

Os Estados Unidos acusaram o governo do Sudão de utilizar armas químicas em 2024, durante o conflito interno no país, e anunciaram nesta quinta-feira (22) a entrada em vigor de sanções nas próximas semanas. O governo sudanês negou as acusações, chamando-as de infundadas e uma “chantagem política e uma falsificação deliberada dos fatos”, segundo o ministro da Informação, Khalid al Aiser.

“Após um período de 15 dias de notificação ao Congresso, os Estados Unidos imporão sanções ao Sudão, que incluirão restrições às exportações americanas e ao acesso a linhas de crédito do governo dos EUA”, informou o Departamento de Estado em comunicado.

As sanções passarão a valer em 6 de junho. “Os Estados Unidos conclamam o governo sudanês a cessar o uso de armas químicas e a respeitar seus compromissos internacionais”, diz a nota oficial.

Em resposta, o governo do Sudão rejeitou a medida e classificou as acusações como falsas.

“Essa interferência, sem qualquer base moral ou legal, retira de Washington o que lhe resta de credibilidade e fecha a porta a qualquer influência no Sudão”, declarou novamente o porta-voz Khalid al-Aiser, nesta sexta-feira.

Na prática, o impacto das sanções será limitado, uma vez que tanto o chefe do Exército quanto o líder das forças paramilitares já estão sob sanções impostas pelos EUA.

O Sudão está em conflito desde abril de 2023, com o enfrentamento entre o general Abdel Fattah al Burhan, comandante das Forças Armadas e líder de fato do país, e seu antigo aliado, Mohammed Hamdan Daglo, chefe das rebeldes Forças de Apoio Rápido (RSF) .

A guerra já deixou dezenas de milhares de mortos e forçou cerca de 13 milhões de pessoas a abandonarem suas casas. As Nações Unidas classificam a situação como a “pior crise humanitária da atualidade.”

Em janeiro, os EUA impuseram sanções contra al-Burhan, acusando-o de priorizar o confronto militar em detrimento de negociações de paz.

Além disso, Washington determinou que membros das RSF e milícias aliadas cometeram genocídio, sancionando parte da liderança do grupo, inclusive o próprio Daglo.

Segundo o New York Times, com base em informações de quatro altos funcionários do governo americano, o Exército sudanês utilizou armas químicas pelo menos duas vezes durante o conflito, em regiões remotas do país.

Dois desses funcionários afirmaram que os armamentos utilizados pareciam conter gás cloro, substância capaz de causar danos duradouros aos tecidos humanos, conforme o jornal.

O comunicado da porta-voz Tammy Bruce indicou que os EUA formalizaram a acusação em 24 de abril, com base na Lei de Controle e Eliminação de Armas Químicas e Biológicas de 1991, mas não especificaram quais armas foram usadas, nem quando ou onde.

Um diplomata sudanês sugeriu que a acusação busca desviar a atenção de uma recente pressão no Congresso contra os Emirados Árabes Unidos. Ele também criticou os EUA por não terem recorrido à Organização para a Proibição de Armas Químicas para investigar as alegações.

O governo sudanês, alinhado ao Exército, rompeu relações diplomáticas com os Emirados neste mês, acusando o país do Golfo de fornecer armamentos avançados às RSF — em um conflito que eclodiu após desentendimentos sobre a integração das duas forças.

Os Emirados Árabes negaram as acusações e afirmaram apoiar esforços humanitários e de paz.

Na última quinta-feira, parlamentares democratas dos EUA tentaram bloquear vendas de armas aos Emirados, justamente por seu suposto envolvimento na guerra.

Nesta semana, o governo sudanês acusou os Emirados pela primeira vez de uma intervenção militar direta, atribuindo a eles um ataque contra Porto Sudão. Em resposta, o país árabe negou responsabilidade e disse condenar o ataque.

Fonte: Folha de São Paulo

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