Os Estados Unidos aceitaram um avião modelo 747 como presente do governo do Qatar, e a Força Aérea agora foi encarregada de encontrar uma forma de adaptá-lo rapidamente para que possa ser usado como o novo Air Force One do presidente Donald Trump, confirmou um porta-voz do Departamento de Defesa nesta quarta-feira (21).
“O secretário de Defesa aceitou um Boeing 747 do Qatar de acordo com todas as regras e regulamentos federais”, disse o principal porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, em um comunicado. “O Departamento de Defesa trabalhará para garantir que todas as medidas de segurança e exigências funcionais para missões sejam consideradas para uma aeronave usada para transportar o presidente dos Estados Unidos.”
A aeronave, que segundo executivos da indústria está avaliada em cerca de US$ 200 milhões, precisará passar por modificações extensas antes de ser considerada segura o suficiente para transportar Trump, admitiram recentemente autoridades do Pentágono.
“Qualquer aeronave civil exigirá modificações significativas para isso”, disse Troy Meink, secretário da Força Aérea, na terça-feira, durante uma audiência no Senado. “Estamos analisando neste momento o que será necessário para adaptar essa aeronave em particular.”
O plano preocupou membros do Congresso, que temem que Trump pressione a Força Aérea para acelerar o processo e, com isso, comprometer medidas essenciais de segurança, como sistemas antimísseis ou mecanismos de proteção contra os efeitos eletromagnéticos de uma explosão nuclear.
“Se o presidente Trump insistir em converter esse avião em um Air Force One blindado antes de 2029, me preocupo com a pressão que vocês possam sofrer para abrir mão de requisitos operacionais de segurança”, disse a senadora Tammy Duckworth, democrata de Illinois, enquanto Meink prestava depoimento.
O presente também levantou questionamentos de parlamentares tanto do Partido Democrata quanto do Republicano, que suspeitam que o Qatar possa estar tentando influenciar Trump —ou que o avião já venha com dispositivos de escuta.
O primeiro-ministro do Qatar, xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, declarou publicamente na segunda-feira, pela primeira vez, que seu governo havia aprovado a entrega do avião como presente, rejeitando a ideia de que isso representasse uma tentativa de influenciar o presidente.
“Somos um país que deseja ter uma parceria forte e uma amizade sólida, e tudo o que oferecemos a qualquer país é feito com respeito por essa parceria, que é uma via de mão dupla”, afirmou. “É algo mutuamente benéfico tanto para o Qatar quanto para os Estados Unidos.”